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Agricultores do DF aumentam produtividade com fertilizante orgânico fornecido pela Caesb

Iniciativa cria material biossólido, rico em nutrientes, capaz de melhorar a qualidade da terra e a produção agrícola no período de estiagem

 

Centenas de produtores rurais do Distrito Federal e Entorno têm colhido os benefícios de uma técnica que transforma o lodo tratado em fertilizante para o solo. O esgoto transformado em biossólido pela Companhia Ambiental de Saneamento (Caesb) é rico em nutrientes e ajuda mais de 200 famílias do campo a melhorar a qualidade da terra e aumentar a produção, especialmente durante o período de estiagem. Desde 2021, a iniciativa funciona como uma alternativa sustentável e acessível para pequenas e médias propriedades da região.

Um dos produtores beneficiados com o uso do lodo é o gerente da Fazenda Barreiras, Luciano Sousa, 29 anos. Há três anos utilizando o material para fertilizar as plantações de milho, soja e feijão que ocupam a propriedade no município Cidade Ocidental (GO), ele explica que o custo de produtividade acaba sendo mais baixo — não apenas por terem as máquinas necessárias para fazer o transporte e o confinamento, mas também pelo material doado gratuitamente pela Caesb.

Luciano Souza utiliza o produto fornecido pela Caesb no cultivo de milho, soja e feijão | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília

Além disso, Luciano ressalta que o biossólido reduz a necessidade de se utilizar agrotóxicos nas plantações: “Quando há [produto] químico no plantio, você tem que ter mais mão de obra. Com esse material na fazenda, a gente distribui bem mais rápido. Nós vimos que a produtividade melhorou bastante porque a gente diminuiu o químico e as terras responderam melhor”. O gerente afirma que já foram utilizadas 500 toneladas do material neste ano, aplicando de duas a três toneladas por hectare na propriedade.

Como funciona

O processo de transformação do lodo começa com a remoção de sólidos e impurezas do esgoto que chega às estações de tratamento da Caesb. Lixo, detritos e areias, por exemplo, são encaminhados para o Aterro Sanitário de Brasília. Em seguida, o esgoto passa por uma etapa biológica, onde micro-organismos anaeróbios e aeróbios realizam duas fases de depuração, retirando elementos dissolvidos, como fósforo e nitrogênio, que são incorporados ao biossólido.

O lodo resultante vai para o decantador, onde é separado do líquido tratado — que é liberado no rio —, e o excesso de água é removido. Esse lodo úmido é transportado em caminhões até o pátio de secagem, onde é exposto ao sol e ao vento. As condições climáticas do DF, especialmente durante a estiagem, favorecem a secagem do material, que é monitorado para garantir que atenda aos padrões de umidade e elimine micro-organismos patogênicos, tornando-o adequado para uso agrícola.

O clima do DF – com calor e seca durante vários meses do ano – é propício para a produção do lodo tratado

Por dia, são produzidas cerca de 400 toneladas de lodo pela Caesb. De acordo com gerente de Operação das Bacias do Melchior e Alagado, Cristiano Mano, as condições climáticas do DF favorecem a técnica: “Temos muito calor e secura, isso torna o processo de baixo custo para processar um lodo de ótima qualidade em termos de matéria orgânica”.

“O lodo é um material rico em minerais adequados para uso no solo. Com ele, o produtor não precisa comprar outros insumos, basta o produto gratuito e de alta qualidade feito por nós. O benefício é tanto para o agricultor quanto para a Caesb e, principalmente, para o meio ambiente, porque dessa forma a gente conclui o ciclo biogeoquímico”, defende o gerente.

 

Por Jak Spies e Thaís Miranda, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader
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