Jaqueline Silva, autora da audiência, destacou a baixa representação política feminina e citou o exemplo da própria Câmara Legislativa, que conta com apenas três deputadas, 12% do total de 24 parlamentares
Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, a Câmara Legislativa realizou audiência pública remota, na noite desta segunda-feira (8), em que debateu as lutas, os desafios e as conquistas das mulheres. Autora da iniciativa, a deputada Jaqueline Silva (PTB) defendeu uma participação maior “nas posições de destaque” para que as mulheres mudem a realidade, frisando que em 2020 elas tiveram renda 22% menor do que os homens. “Já passamos mais de um século de discussão com alguns avanços, mas temos a certeza de que tais direitos ainda não são realidade para nós”, frisou.
Para ilustrar a baixa representação política, Jaqueline Silva lembrou que a própria Câmara Legislativa conta com apenas três deputadas, 12% do total de 24 parlamentares. No entanto, ela afirmou que a atual legislatura tem avançado em relação ao tema: “São mais de 58 proposições direcionadas para as mulheres só nessa legislatura”, comemorou. A distrital também ressaltou que a luta por igualdade requer união entre as mulheres, “uma dando a mão à outra”.
A secretária da Mulher do DF, Ericka Filippelli, abordou ações que estão sendo realizadas pela pasta, como a implantação de cinco unidades da Casa da Mulher Brasileira; o acordo de cooperação com o Ministério da Mulher, Família e Direito Humanos para aprimorar o Ligue 180 no DF; bem como projetos de capacitação, saúde, assistência social e de segurança. “Mais do que flores, nós merecemos reconhecimento, respeito, e nossa luta sempre tem de ter como foco a igualdade. É por isso que nós lutamos”, afirmou a secretária.
De acordo com a secretária Adjunta de Desenvolvimento Social do DF, Ana Paula Marra, as mulheres representam a maioria dos beneficiados pelas ações da pasta. Como exemplos, ela citou o Programa Prato Cheio, em que 83% das 32 mil famílias contempladas com cartão de R$ 250 para a cesta básica são chefiadas por mulheres; o CadÚnico, com 256 mil mulheres inscritas; e a Bolsa Maternidade, que já atendeu mais de 1600 mães de baixa renda. “Precisamos celebrar as conquistas sociais, econômicas, culturais, levantando os questionamentos sobre nosso lugar e papel na sociedade”, ressaltou.
A administradora regional de Santa Maria, Marileide Romão, lembrou das dificuldades que enfrentou ao longo da vida e celebrou as vitórias. “Sempre lutamos contra todo tipo de injustiça. Hoje me sinto extremamente honrada e feliz por poder contribuir com a melhoria das condições de vida dos moradores”. Segundo a major do Corpo de Bombeiros Ive Lorena, cerca de 50% dos atuais alunos de formação são mulheres, que hoje representam 15% da corporação. Ela explicou que até 2009 havia limitação de vagas para as mulheres, que não representavam 10%. “As mulheres têm chegado, ocupado seus espaços na corporação, têm conquistado primeiros lugares em cursos operacionais. Mas ainda precisamos nos afirmar diariamente, mostrar que somos operacionais”, relatou.
Para a delegada Ana Carolina, o “8 de Março” deve marcar também o engajamento ao combate à violência contra a mulher. Ela destacou a ampliação de canais de denúncia, incluindo o Maria da Penha Online, e a criação dos Núcleos Integrados de Atendimento à Mulher (Nuiam). “A delegacia é porta de entrada, mas não se revolve ali, precisa de uma rede de apoio, que envolve áreas de assistência social e jurídica, de psicologia”.
A chefe do Núcleo Ambiental de Vigilância de Santa Maria, Suely da Silva, falou sobre as dificuldades do dia a dia das equipes, formadas em mais de 60% por mulheres, que estão “na linha de frente” da Covid. “Somos responsáveis também pelo controle de todos os animais sinantrópicos e peçonhentos no sistema prisional do DF. Muitas vezes, a equipe que está lá dentro nos presídios é composta só por mulheres”, relatou. A chefe da Unidade de Apoio à Mulher Empreendedora da Secretaria de Empreendedorismo, Gisele Maria Ferreira, destacou ações de capacitação, que envolvem cursos online e por meio do WhatsApp, voltado às mulheres. “A gente quer ajudar você a empreender e ser uma grande empresária de sucesso”, ressaltou.
Para a mentora de empreendedorismo feminino Kênia Gama, a independência emocional antecede a financeira. “A gente só vai conseguir igualdade quando a mulher entender que deve ocupar cargos políticos, seu lugar de empresária, e que isso vai ser possível, talvez não na nossa geração, mas nas vindouras quando a gente ensinar filhos e filhas da mesma maneira. Junto com a igualdade vem a responsabilidade de votar bem, se politizar, de estudar, trabalhar”, destacou.
Fonte: Mário Espinheira, Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa