Em 2020, equipamento retirou 1.940 contêineres cheios de lixo do espelho d’água. Neste ano, já foram mais de 120
Conhecido como “Papaguapé”, um barco diferente navega pelo Lago Paranoá semanalmente. Tem uma missão nobre, que é realizar a limpeza do espelho d’água e controlar a quantidade de plantas aquáticas em toda a extensão do lago. De propriedade da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), está em operação desde 2012.
“Já retirei aqui do braço sul do lago televisores, restos de sofá e até mesmo uma geladeira. Nesses casos, um barco de apoio nos ajuda a retirar. Acho que é preciso mais conscientização e também educação para a população, né?”. Carlos Augusto Oliveira, operador do barco
A máquina tem 12 metros de extensão, quatro metros de largura e motor a diesel. Conta com três esteiras e dois ceifadores verticais, que servem para cortar a vegetação. Foi batizada de Papaguapé pois, quando chegou à Caesb, retirava quilos e mais quilos de aguapés (espécie aquática) que se espalhavam pelas margens. Hoje, a população dessa planta quase não existe mais e foi substituída pelas carcaranas.
Mas passou a chamar a atenção uma quantidade enorme de inservíveis e lixo que hoje também ocupa a carga da embarcação. Em 2020, foram recolhidos 9,7 mil metros cúbicos de material, o que corresponde a 1.940 contêineres cheios. Já esse ano, até o final de fevereiro, o barco já retirou cerca de 600 metros cúbicos, ou seja, 120 contêineres lotados de sujeira do lago.
Confira o vídeo:
O lixo jogado no Paranoá é dos mais variados, como conta o operador do barco, Carlos Augusto Oliveira. “Já retirei aqui do braço sul do lago televisores, restos de sofá e até mesmo uma geladeira. Nesses casos, um barco de apoio nos ajuda a retirar”, explica. “Acho que é preciso mais conscientização e também educação para a população, né?”, sugere.
Ele tem como ponto de partida a Estação de Tratamento de Esgoto Sul (ETE Sul), próximo à Faculdade Unieuro. E circula muito pela parte sul do espelho d’água, nas proximidades da Ponte das Garças. O parque Deck Sul, por exemplo, é um dos locais onde muito lixo é retirado. Mas, o Papaguapé já fez serviços também nas margens do Lago Norte e atende sob demanda.
“Recebemos muitas vezes ligações de moradores, informando de resíduos nas margens, situações que precisamos limpar. E, assim, vamos organizando a rota”, pontua a gerente de operações da Caesb, Lucilene Batista. “Toda a manutenção e a operação é feita pela companhia. E o material recolhido segue todo para o Aterro Sanitário de Brasília”, completa.
“Recebemos muitas vezes ligações de moradores, informando de resíduos nas margens, situações que precisamos limpar. E, assim, vamos organizando a rota”. Lucilene Batista, gerente de Operações da Caesb
Controle ambiental
Conhecidas como macrófitas, as plantas aquáticas se desenvolvem rapidamente e estão muito presentes no espelho d’água de Brasília. Um “tapete verde” de carcaranas se concentra nas proximidades do Deck Sul. São cortadas pelo barco ceifador, mas não em sua totalidade.
Segundo a bióloga do Brasília Ambiental, Danielle Lopes, as espécies não devem ser eliminadas, sob hipótese nenhuma. “São plantas fundamentais para o ecossistema, pois servem de alimento e dão abrigo para animais menores como peixes e anfíbios, entre tantas propriedades ”, observa.
Por fim, ela aponta que o crescimento exagerado traz sinais importantes . “Esse alastramento exagerado é um sinal de que a água dali tem muita matéria orgânica. É preciso cuidar “, conclui Danielle. Fonte: Rafael Secunho, Da Agência Brasília