Delegado-geral da PCDF, Robson Cândido, contabiliza os bons resultados da segurança pública, que registra redução de 25% dos crimes violentos letais
Considerada uma das mais eficientes do país, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) tem feito jus aos elogios. Para que se mantenham positivos os números que demonstram uma atuação eficiente, a corporação investe R$ 68 milhões em ações que vão reforçar a estrutura e, consequentemente, melhorar a atuação dos servidores e a entrega de serviços à população. A maior obra prevista é a construção de uma sede do Instituto de Medicina Legal (IML), dentro do Complexo da PCDF, no Plano Piloto. O empreendimento está orçado em R$ 34,8 milhões.
Com início programado para abril, essa obra será erguida próximo à atual sede do IML. Segundo a PCDF, a nova unidade será uma das maiores da América Latina, conforme explica o delegado-geral da corporação, Robson Cândido, em entrevista exclusiva à Agência Brasília.
“É uma obra inovadora na capacidade de recepcionar, no tamanho propriamente dito e nos equipamentos”, detalha. “Será um IML com prognóstico para os próximos 50 anos de Brasília, no mínimo, e que vai gerar de 200 a 300 empregos. Uma obra de vanguarda e que poderá apoiar, inclusive, outras unidades da Federação. Ela é fruto de um convênio com o Ministério da Justiça, que tem sido nosso parceiro.”
Novas delegacias
Para o próximo mês, também está prevista a construção de duas delegacias: a 35ª DP, em Sobradinho II, e a 12ª DP, no centro de Taguatinga. “A construção de uma unidade em Sobradinho II é muito reivindicada pela população”, explica Robson Cândido. “A de Taguatinga, nós vamos demolir e construir outra no lugar. Elas têm o custo estimado, cada uma, na casa dos R$ 10 milhões”.
Além das novas unidades, a PCDF prepara a reforma de outras duas: a 9ª DP, no Lago Norte, e a 10ª DP, no Lago Sul, cada uma ao custo aproximado de R$ 4 milhões. Nesse caso, os serviços são semelhantes aos prestados pela 17ª DP, em Taguatinga Norte, já entregue após ter passado por um processo de modernização em sua estrutura.
O delegado-geral também falou sobre o trabalho da PCDF nos pouco mais de dois anos da atual gestão. Ele mantém firme a intenção de que o concurso da categoria seja realizado e faz questão de elogiar o clima entre os servidores. “É o melhor que já vi entre as forças de segurança. Um clima de união e parceria, e por isso estamos conseguindo esses números positivos”, aponta.
Retomada
Responsável por coordenar as forças de segurança do DF, o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, reforça a avaliação de Robson Cândido. “Encontramos a PCDF num estado ruim quando chegamos”, conta. “Essa retomada se deu com a gestão do governador Ibaneis Rocha. Todo esse incentivo com o pagamento do trabalho voluntário e os investimentos foram fundamentais para essa retomada”.
O secretário de Segurança Pública também elogia a atuação dos profissionais durante a pandemia: “A polícia não parou durante a pandemia. Trabalhou dobrado e precisou se adequar e reinventar. As atividades continuaram, e o coronavírus trouxe mais trabalho e receio. Parabenizo todos os que estão na linha de frente, porque ganharam uma série de atribuições que antes não existiam e souberam lidar com elas”.
Anderson Torres destaca a melhora dos índices registrados no DF. “Batemos o recorde desde que a Secretaria de Segurança dispõe de dados para serem mostrados, o que existe há 41 anos”, pontua. “No ano passado, tivemos o melhor índice em relação aos homicídios. Batemos o recorde que era de 1983, quando a população do DF era bem menor e o efetivo, também. Hoje temos menos efetivo, uma população gigantesca, e nossos índices são melhores”.
Confira, abaixo, os principais pontos da entrevista com o delegado Robson Cândido.
“Nós executamos todo nosso orçamento. Investimos quase R$ 13 milhões em pistolas e R$ 30 milhões na aquisição de 850 viaturas. Fizemos várias reformas, como a da Divisão de Operações Aéreas (DOA), a da 17ª Delegacia de Polícia e a do Instituto de Pesquisa de DNA, fora as obras menores. Investimos R$ 40 milhões na compra de equipamentos para o Instituto de Criminalística (IC).
“Temos projetos importantes pela frente. O governo vai investir R$ 68 milhões em infraestrutura. O IML é uma obra em torno de R$ 40 milhões; é fruto de convênio entre a PCDF e o Ministério da Justiça. Nós temos nos próximos meses dois editais para duas delegacias novas, a R$ 10 milhões cada. Também estamos fazendo a reforma da 9ª DP e da 10ª DP, cada uma a R$ 4 milhões, com os contratos já assinados.”
Forças de segurança integradas
“Nós temos 92% de resolução dos homicídios, um nível que é visto somente em países como a Dinamarca, que tem cinco homicídios por ano. É um índice que não existe no país. Tivemos uma redução de 8,99% nos casos de 2019 para 2020. Em 2021, considerando o mesmo período do ano anterior, houve uma diminuição de 20,27% no número de homicídios. Considerando a totalidade dos crimes violentos letais intencionais em 2021, quando comparado ao mesmo período de 2020, apresentamos uma redução de 25% nos casos.
“Estou há 22 anos em Brasília e ouso dizer que é o melhor clima que já vi entre as forças de segurança”
“Atribuo isso a essa política de segurança pública integrada proposta pelo secretário Anderson Torres [de Segurança Pública]. Hoje, as forças de segurança trabalham de forma coesa e integrada, em que objetivo comum é sempre a redução dos índices e a melhor qualidade de vida do servidor, a saúde do servidor. Isso é muito importante porque, quando temos o servidor satisfeito, com bons equipamentos e saúde, ele consegue prestar um serviço bem melhor. Estou há 22 anos em Brasília e ouso dizer que é o melhor clima que já vi entre as forças de segurança. Um clima de união e parceria, e por isso estamos conseguindo esses números positivos.”
Reabertura 24h das delegacias
“Nós reabrimos todas as unidades, e tem sido bastante positivo. Foi honrado pelo governo o pagamento de serviço voluntário, o que permitiu essa reabertura e deixou os servidores contentes. Inclusive, na pandemia, tivemos um recorde de operações, de prisões e de cumprimento de mandados de prisão. Nós produzimos mais do que em relação a 2019.”
Experiência exportada
“Outros estados e órgãos federais nos demandam. Aqui auxiliamos nas operações do Ministério Público e em outros estados, nas viagens que fazemos. Quando demandam a PCDF, sempre ocorre essa cooperação.”
Reconhecimento dos servidores
“O orçamento vem carimbado e, quando chega, é executado 100%; não se tira nem 1 real. Isso é digno de louvor”
“Ouso dizer que a PCDF estava atolada há dez anos, estava patinando. Falo isso porque ando muito e converso muito com os policiais. Agora vejo que eles estão orgulhosos de novo da profissão, de serem policiais. Eles estão satisfeitos, e isso é muito pela política de investimento dentro das forças de segurança, essa política de resgate do servidor público policial.
“Agradeço a confiança do governador Ibaneis Rocha e a autonomia que nos é dada para gerir o orçamento. Não somos contingenciados. O orçamento vem carimbado e, quando chega, é executado 100%; não se tira nem 1 real. Isso é digno de louvor.”
Concurso da PCDF
“Nós temos mais de 141 mil inscritos no concurso, que é o maior já feito na PCDF. Eu interajo muito com os candidatos nas redes sociais e digo a eles que é preciso ter paciência e prudência. Assim como eles, também somos parte interessada. Nossa vontade é que o concurso seja realizado o mais rápido possível, em 10 e 11 de abril próximo. A gente torce para que os índices de transmissão estabilizem e diminuam para o nível de janeiro, quando anunciamos que iríamos retomar o concurso. Caso os dados técnicos da Secretaria de Saúde comprovem que não colocaremos em risco nenhuma pessoa e nem o sistema de saúde do DF, nós faremos o concurso nessa data, mas desde que os índices se reduzam ao nível de janeiro.”
Combate ao crime
2.562 operações foram efetuadas em 2020
“Foram 2.562 operações no ano passado. Nós tivemos 8.016 pessoas presas e 7.598 mandados de prisão cumpridos em 2020. Tivemos operações contra organizações criminosas, quando atuamos frente às maiores do país. Atuamos também contra os chamados crimes de colarinho branco e combatemos muito os crimes patrimoniais. Tivemos operações também de homicídios. Praticamente elucidamos todos, alguns casos mais famosos, como o do padre Kazimerz Wojn [morto durante um assalto, em setembro de 2019, na Asa Norte], e do Marinésio Olinto, já condenado [por estupro e feminicídio]. Também fizemos um combate assertivo à violência doméstica.”
Combate à violência contra a mulher
“Temos 2.591 ocorrências policiais relacionadas à Lei Maria da Penha registradas neste ano. Elas geraram 2.209 procedimentos investigativos que foram remetidos ao Judiciário. Há um foco muito grande no combate à violência doméstica. Repaginamos a delegacia eletrônica, criamos a Maria da Penha on-line, que é para o socorro daquela mulher que não consegue se desvincular de casa e sair para prestar a ocorrência. Criamos condições para esse contato on-line e para resgatá-las dessa situação. O Ministério da Justiça, inclusive, quer levar nosso modelo para todas as policiais civis do país.
“Também construímos a Delegacia de Atendimento à Mulher II [Deam II], em Ceilândia, que era uma demanda da população desde 1987. Outro ponto é que todos os feminicídios [no DF] têm a autoria do crime, 100% deles. Quem não foi ou está preso, é porque está foragido.
“Então, nós tivemos essa grande jogada de trabalho on-line, inclusive em parceria com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Hoje, uma mulher que faz uma ocorrência ao meio-dia, às 15h, ela já está com as medidas protetivas definidas; e às 18h, o oficial de Justiça [já está] na porta de casa para entregar o documento e tirar o homem de casa. Temos usado a tecnologia para proteger a população.”
O que esperar de 2021
“Podem esperar uma PCDF forte e assertiva, fazendo seu trabalho constitucional, legal e sem baixar a cabeça. Pedimos que a população se mantenha segura, que todos usem máscara e álcool gel. Desejamos que os índices caiam para fazermos nosso concurso e que 2021 seja ainda melhor. Nós seremos ainda mais combativos à criminalidade dentro do Distrito Federal.” Fonte: Ian Ferraz, Da Agência Brasília