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HCB alcança índices de até 80% de cura no serviço de oncologia

Nesta quarta (17) é celebrado o Dia Nacional do Cirurgião Oncológico; Hospital da Criança de Brasília recebe anualmente cerca de 200 novos casos de câncer e alia assistência, ensino e pesquisa para alcançar bons resultados

 

Inaugurado em 2011, o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) nasceu do sonho de voluntários da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace) em parceria com os médicos oncologistas que atendiam as crianças no Hospital de Base. Hoje, o HCB é habilitado pelo Ministério da Saúde como unidade de assistência de alta complexidade em oncologia pediátrica e referência em transplantes de medula óssea, entre outras habilitações.

“Temos que ensinar nossos pediatras a estarem sempre abertos. Se eles tiverem dúvidas, não tem problema, nós vemos o diagnóstico juntos”, diz a oncologista Ísis Magalhães | Fotos: Divulgação/HCB

Nesta quarta (17) é celebrado o Dia Nacional do Cirurgião Oncológico. A equipe de oncologia do HCB é responsável pelo atendimento de crianças e adolescentes com diferentes tipos de câncer – doença em que uma alteração genética faz com que as células deixem de seguir as regras normais do crescimento.

A oncohematologista pediátrica Isis Magalhães, diretora técnica do Hospital, explica: “Os cânceres mais comuns da infância são os que se iniciam no sistema formador do sangue, que a gente chama ‘sistema hematopoiético’; são as leucemias. Na medula óssea, que é a fábrica do sangue, um grupo de células se modifica geneticamente. Ela não sabe mais amadurecer e dar origem às células normais do sangue, mas continua com a capacidade de se dividir em outras iguais a ela”.

Segundo Magalhães, cerca de 190 a 200 novos casos de câncer são identificados pela equipe do HCB a cada ano; uma equipe multiprofissional realiza cerca de 1.200 consultas por mês e cuida, em média de 40 crianças internadas. O trabalho dos profissionais, somado ao diagnóstico preciso e precoce, pesquisa científica e avanços tecnológicos, permitiu ao hospital alcançar índices de até 80% de cura e sobrevida.

Diagnóstico precoce é importante

O caminho para um desfecho positivo no tratamento oncológico começa na atenção primária: nas consultas de rotina, se o pediatra ou a equipe de saúde de família identificar sintomas que indiquem a possibilidade de um câncer, a criança é encaminhada a centros de referência no tratamento. É o caso do Hospital da Criança de Brasília, que realiza os testes para um diagnóstico preciso e, em caso de confirmação da doença, já inicia o tratamento com agilidade.

A oncologista Flávia Delgado participa de eventos médicos internacionais para troca de experiências e estudos para reforçar o atendimento no hospital

Essa conduta é importante para determinar o curso do atendimento. “Em um retinoblastoma, é a diferença entre perder o olhinho ou a vida – ou manter a visão dos dois olhos. No caso de um tumor ósseo, é a chance de manter um membro com boa funcionalidade – ou perder o membro e, quem sabe, a vida”, afirma a médica oncologista do HCB Flávia Delgado.

O diagnóstico precoce também é importante porque, ao contrário do que acontece com os adultos, o câncer infantil não tem prevenção. Por isso, mesmo que sintomas como manchas roxas e febre possam ser confundidos com pancadas ou doenças comuns na infância, é preciso que os médicos da atenção primária estejam alertas para a possibilidade de algo mais grave.

“Temos que ensinar nossos pediatras a estarem sempre abertos. Se eles tiverem dúvidas, não tem problema, nós vemos o diagnóstico juntos. Se não for câncer, muito bem, mas, se for, começamos o tratamento com a criança em um estado clínico melhor. Quanto mais rápido conseguirmos fazer isso, maiores as chances de cura”, reforça Isis Magalhães.

Ao receber crianças com suspeita de câncer, o HCB realiza exames citológicos e de imunofenotipagem para confirmar a doença e, com análises em nível molecular, identifica o tipo de mutação celular que levou ao quadro. Com profissionais especializados, o hospital oferece o protocolo de tratamento específico para cada paciente.

Dedicação à pesquisa e parcerias internacionais

O câncer mais comum na infância é a leucemia linfoide aguda (LLA), mas a equipe de oncologia do hospital também tem experiência no tratamento de outras leucemias, neuroblastoma, retinoblastoma, tumores do sistema nervoso central, tumores ósseos e outras manifestações da doença. O tratamento pode incluir quimioterapia, radioterapia e cirurgia e transplante de medula óssea, dependendo das especificidades de cada caso. Também é necessária a atuação de uma equipe multidisciplinar, contando com profissionais de enfermagem, fisioterapia e nutrição, entre outros.

Para oferecer atendimento de qualidade às crianças e adolescentes, os oncologistas do HCB – assim como os outros profissionais envolvidos no tratamento – passam por constante aprimoramento, participando de eventos científicos internacionais e de grupos de estudos multicêntricos. A dedicação ao ensino e à pesquisa, pilares do Hospital da Criança de Brasília, também se relaciona com o trabalho dos oncologistas.

“No Programa de Cancerologia Pediátrica, o residente tem a oportunidade ampla de aprender em um serviço de referência integrado no hospital com especialistas em doenças pediátricas complexas”, diz o supervisor do programa, José Carlos Córdoba

Inseridos em linhas de pesquisa, eles apresentam seus estudos em eventos científicos internacionais e aqueles promovidos pelo HCB (como o Congresso Internacional da Criança com Condições Complexas de Saúde, realizado em parceria com o Hospital Sant Joan de Déu, de Barcelona). Divulgam trabalhos em periódicos de renome: em 2022, pesquisa sobre particularidades no diagnóstico de leucemia mieloide aguda em crianças com síndrome de Down foi publicada nos periódicos especializados Leukemia (Nature) e Pediatric Blood and Cancer.

A equipe representa o hospital, também, em eventos de relevância nacional e internacional que promovem a atualização de conhecimentos em oncologia. Em julho de 2024, as oncologistas Flávia Delgado e Isabella de Araújo participaram do 21º Simpósio Internacional de Neuro-Oncologia Pediátrica, nos Estados Unidos, e da Reunião Anual do Grupo de Tumores Cerebrais da Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (Siop) da Europa. As profissionais atraíram atenções ao HCB com estudo que otimiza a identificação dos subtipos moleculares do meduloblastoma. “Todos ficaram bastante interessado,s e vamos expandir esse trabalho, fazendo uma avaliação genética muito mais importante”, relata Delgado.

 

Por Agência Brasília, com informações do HCB | Edição: Débora Cronemberger
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