Com segurança, espaços voltam a se integrar à programação cultural do brasiliense
A norte-americana Carmen Clark mora em Brasília com a família e descobriu, pelas redes sociais, que o Museu Nacional da República amanheceria aberto na última sexta-feira (28). A felicidade foi tamanha que quebrou a rotina de isolamento social. Foi a primeira vez que ela visitou o equipamento de arquitetura arrojada de Oscar Niemeyer. Veio atraída pelo fascínio pela arte brasileira. “Fiquei confortável porque podemos apreciar as obras de arte com segurança sanitária”, comemorou.
Carmen passeou por quatro potentes exposições que fazem a volta do Museu Nacional da República um banquete aos olhos. Ao entrar na galeria principal, deparou-se com andaimes que convidam o público a pensar a transitoriedade da vida por meio da arte.
Afixados às estruturas típicas de canteiros de obras estão os quadros do artista Alex Vallauri (1949-1987), etíope que chegou ao Brasil em 1965 e aqui desenvolveu uma potente trajetória no grafite. Os quadros têm influências dos norte-americanos Basquiat e Keith Haring e compõem um estilo único de Vallauri.
“Essa exposição traz questões importantes ao espaço museológico. Quebra tradições e ambientes, como a presença dessa iluminação difusa”, observou a gerente do espaço, Sara Seilert, que, nesta reabertura, devolveu ao espectador uma visão original do Museu Nacional que estava perdida.
“Recuperamos essa imagem do mezanino, que abriga a mostra Poço, suspenso apenas por tirantes e sem nenhuma coluna de sustentação embaixo”, conta.
Para trazer de volta o desenho original, Sara Seilert desmontou a Galeria Acervo, montagem provisória que foi se incorporando como um espaço expositivo ao longo do tempo. Essa estrutura tirava a visão ousada e espetacular da arquitetura de Niemeyer.
Quem se emocionou com a intervenção foi o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues. “Esse museu é espetacular, único, uma obra de arte em si. Trazer um detalhe desse de volta à nossa visão é provocador. É para isso que serve um museu: para trazer essa emoção estética e reformular nossos pensamentos e visão de mundo”, disse.
Além das mostras Alex Vallauri (na galeria principal) e O Poço (no mezanino), ambas abertas até 22 de agosto, o Museu da República exibe a arte de Marçal Athayde, em Decifra-me ou te Devoro – O Enigma da Cidade (galeria do térreo, até 8 de agosto) e de Suyan de Mattos, em A Mulher Forte Arrancou a Dor e a Aprisionou Numa Caixa (Sala 2, até 8 de agosto).
Renato Russo abre as portas
Fechado desde março de 2020, o Espaço Cultural Renato Russo voltou com duas galerias abertas: Rubem Valentim e Parangolé. A escritora Fernanda Franco, que frequentava o centro cultural nos velhos tempos, veio visitá-lo com um ar nostálgico. De imediato, envolveu-se com o ambiente poético das pinturas feitas por mulheres.
“Uma das pinturas fala da infância. O quadro remete à menina parada no canto do quarto. É uma coisa muito única para todas as mulheres. Uma imagem que carrega a solidão, o peso, intrínseco a essa condição”, observou, emocionada.
Um dos espaços mais simbólicos de Brasília, o Renato Russo ficou fechado com as exposições montadas. O gerente do local, Renato de Oliveira, conta que durante esse tempo artistas e expositores visitavam as mostras para fazer limpeza, observar a iluminação e até ajudar a dar uma manutenção nas obras. “Temos uma demanda enorme de exposições desde 2020, com agenda para o ano inteiro”, comemorou.
As exposições
* Galeria Parangolé
Anônimos – Fotografias de Armando Salmito
A mostra tem como cenário a cidade de Nova York (EUA). Os registros são capturas dos milhares de imigrantes desconhecidos que habitam a metrópole do mundo. Está documentado, ainda, o movimento ininterrupto da cidade e a construção dessas novas vivências entre as pessoas e o espaço.
* Galeria Rubem Valentim
Mulheres à Margem
Exposição com obras exclusivamente produzidas por mulheres que estiveram distantes do academicismo artístico contemporâneo: Ana Oliver, Christiane S., Maria Marra, Mônica Palhares, Rosana Cruz e Vera Seciliano. As pinturas são produzidas em tecido e madeira e têm como temas liberdade, traumas, construção social, emoções, protagonismo feminino, memória e preconceito.
Museu Nacional da República
Regras de visitação:
Período: sexta a domingo, das 10h às 16h.
Lotação do salão: 30 pessoas. Completada a capacidade, será formada fila de espera.
Observação: obrigatórios o uso de máscara e passagem pelo tapete sanitizante. Será feita medição de temperatura e disponibilizado álcool gel. Telefone para dúvidas: (61) 3325-5220.
Endereço: Setor Cultural Sul, Lote 2, próximo à Rodoviária do Plano Piloto, Brasília – DF. Entrada gratuita.
Regras de visitação:
Período: sexta a domingo, das 10h às 16h.
Lotação: Galeria Rubem Valentim: 14 visitantes. Galeria Parangolé: sete visitantes. Dentro das galerias, o distanciamento é de 9m² de distância entre visitantes. Completada a capacidade, será formada fila de espera
Observação: Obrigatório o uso de máscara. Será feita medição de temperatura e disponibilizado álcool gel.
Telefone para dúvidas: (61) 98503-9728 (WhatsApp).
* Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa