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Fotos mostram cotidiano poético do Núcleo Bandeirante

‘Cor e Vida’ reúne fotos de Joaquim Paiva no Museu Vivo da Memória Candanga

O Museu Vivo da Memória Candanga (MVMC), equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), está com a exposição Joaquim Paiva: Cor e Vida. São 16 fotos do fotógrafo, professor e diplomata aposentado do Itamaraty, nascido em 1946 no Rio de Janeiro, onde reside atualmente.

Paiva morou em Brasília por 20 anos, em quatro passagens que permearam a atividade diplomática em sete postos no exterior. Na capital, encantou-se com o Núcleo Bandeirante – cujo primeiro nome foi “Cidade Livre”, atual Região Administrativa VIII –, um dos primeiros locais onde se instalaram os candangos que construíram Brasília.

As fotos mostram cores de roupas e de ambientes no contexto do cotidiano desses pioneiros e seus descendentes, que o carioca registrou com câmeras amadoras.

Foto, de antes da pandemia, que integra a
exposição Joaquim Paiva: Cor e Vida, no
MVMC | Foto: Divulgação/Secec

“O Núcleo Bandeirante era marcado pelos puxadinhos, pela diversidade. Muito colorido e cheio de gente, onde a cultura popular, o artesanato e o folclore estavam muito presentes. Tudo muito diferente do racionalismo do Plano Piloto, com seus edifícios claros e sem árvores naquela época”, descreve ele.

O diplomata acredita que as vivências no exterior aguçaram seu olhar para os cenários que encontrava e registrava quando voltava a Brasília do “exílio remunerado”, como gosta de frisar.

Fotojornalismo na veia

A influência do fotojornalismo nas décadas de 1970 e de 1980 na capital federal, às quais se refere como “era mais gloriosa” do ofício, levaram-no a acumular fotos. A coleção chegou a 3.200 imagens no total, 2.700 delas hoje em regime de comodato no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. O autor doou 140 imagens ao MVMC, depois de uma exposição feita no cinquentenário da capital, em 2010.

O curador da mostra, que está na Casa Azul do equipamento da Secec, Felipe Ramón Moro Rodríguez, explica que escolheu material que “trata da vida da pessoa comum, não da autoridade”.  E detalha: “Quem é de fora, quando pensa em Brasília, pensa nos políticos. Essa exposição retrata gente simples, do povo”, diz.

Pela mesma razão, não incluiu registros das grandes construções arquitetônicas, mas de casas levantadas pelos pioneiros e moradores. “O próprio Museu Vivo [antes Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira] foi construído dessa maneira.”

A gerente do MVMC, Eliane Falcão, afirma que a obra de Joaquim Paiva mostra o universo da arte na construção da nova capital. “As fotografias mostram a importância da passagem do tempo com base em uma linguagem muito própria e particular, em uma cidade que estava começando”, comenta.

Retorno a Brasília

Joaquim Paiva voltará a Brasília em 2022 na mostra itinerante do Centro Cultural Banco do Brasil Brasilidade Pós-Modernismo, celebrando o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Com curadoria de Tereza de Arruda, registros de Paiva integram o núcleo temático “Futuro” da mostra itinerante, ao lado de esboços e desenhos de Lina Bo Bardi, Lucio Costa e Oscar Niemeyer e do cineasta Jorge Bodanzky. Até novembro no Rio, Brasilidade Pós-Modernismo segue depois para São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.

Exposição Joaquim Paiva: Cor e Vida
Casa Azul, Museu Vivo da Memória Candanga
Núcleo Bandeirante – Setor JK Lote D – Núcleo Bandeirante
Visitação: todos os dias, das 9h às 17h.
Telefone: (61) 3301-6641.

*Com informações da Secec