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Pico de casos de dengue no Distrito Federal ainda longe de acontecer

Com 16 mil suspeitas da doença, especialista afirma que a curva de aceleração ainda está no início e pode atingir pico em março. Para infectologista, faltaram cuidados prévios do governo e da população

Com o decreto de estado de emergência na saúde pública, a população teme pelo avanço da dengue no Distrito Federal. O sentimento não é em vão. Especialista afirma que a capital do país está longe de atingir o pico de casos e que a curva de aceleração ainda está no começo. O pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Breno Adaid ressalta que o cenário atual do DF é de preocupação. “A coisa está feia. Basicamente, a curva de casos estava em aceleração leve e disparou. Ela deve fazer algo parecido com o desenho de um sino, só que ainda está no começo”,
alerta.

Vale ressaltar que o pesquisador da UnB não utiliza a mesma metodologia da Secretaria de Saúde, que divulgou boletins epidemiológicos até 20 de janeiro, contabilizando 16.628 casos prováveis. Breno — que calculou 16.665 casos prováveis no total das três primeiras semanas — comenta que ainda é preciso tempo para se confirmar, exatamente, quando será o auge.

Porém, ele adianta que vai ficar pior. “Em 2022, por exemplo, quando a fase crítica também ocorreu no início do ano, foram 12 semanas desde o começo da aceleração até atingir o pico de 5 mil casos, entre março e abril”, recorda. “Se tivermos um comportamento parecido, em relação ao tempo, o cenário de 2024 será muito pior. Estamos no começo da aceleração, e tivemos 9 mil somente nessa última semana”, calcula Adaid. Segundo ele, em 2023, o surto foi maior no final do ano.

Culpa conjunta
O coordenador de Infectologia do Hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior, ressalta que a prevenção deveria ter começado antes do surto. “Era pra ter ocorrido uma mobilização do Estado, juntamente com a sociedade”, reforça. “Não adianta só o governo se mover fazendo orientações, visitas e aplicação do fumacê se não tivermos a conscientização”, acrescenta o médico.

Para o infectologista, um dos pontos foi que, durante o período de seca, não houve uma atuação tão forte dos entes públicos. “Só estamos vendo nesta fase em que já começou o surto e nos aproximamos de uma epidemia”, avalia. “Não podemos afirmar, porque muitas das ações são feitas de uma maneira que não fica tão exposta, mas, a princípio, é uma das possibilidades. Ocorreu também uma demora da atuação, principalmente da linha do fumacê”, pondera.

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