Antenados Blog Saúde Síndrome da classe econômica: o perigo silencioso que pode ameaçar viajantes durante voos de longa distância
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Síndrome da classe econômica: o perigo silencioso que pode ameaçar viajantes durante voos de longa distância

Movimentar as pernas e hidratar-se durante a viagem aérea são algumas das recomendações para evitar o problema.

Conhecer novos lugares, vivenciar diferentes culturas… Viajar é ótimo! Mas, como em tudo na vida, é importante tomar alguns cuidados, principalmente com relação à saúde e aos longos períodos de voos.

Muito se fala sobre o risco de trombose venosa profunda e embolia pulmonar durante e após viagens aéreas. E é nos períodos de férias, onde aumenta o número de viagens aéreas, que o assunto volta à tona.

A doença causa a morte de uma a cada quatro pessoas no mundo, segundo a International Society on Thrombosis and Haemostasis. No Brasil, a cada ano, surgem cerca de 180 mil novos casos de trombose venosa profunda, que também pode causar embolia pulmonar. Apesar disso, muitas pessoas ainda desconhecem sua gravidade, seus principais sintomas e como ela pode afetar as pessoas, inclusive em situações corriqueiras, como voos com mais de oito horas de duração, totalizando, mundialmente, cerca de 217 casos para 1 milhão de pessoas com o problema nesse contexto.

De acordo com o médico angiologista e cirurgião vascular, Rodolpho Reis, a trombose acontece quando um coágulo se forma e bloqueia a passagem de sangue, o que pode gerar inchaço e dor. Caso ela se desprenda, pode ir para outra parte do corpo, como o pulmão, e causar uma embolia. Quando relacionado com as viagens de avião, o problema, que também se popularizou como “síndrome da classe econômica”, ocorre devido a uma imobilização prolongada e em posição sentada, geralmente acima de três horas.

“As manifestações da trombose venosa profunda (TVP) geralmente surgem nas primeiras 24 a 48 horas após um voo, mas podem ocorrer antes. Os sintomas incluem inchaço e dor nas pernas e braços, sendo menos intensos que na trombose arterial. A principal complicação é o desprendimento desses coágulos, aumentando o risco de embolia pulmonar”, explica.

O médico destaca ainda que outros fatores que aumentam o risco de trombose venosa profunda/embolia pulmonar após viagens aéreas são distúrbios de coagulação, como trombofilias, obesidade grave, mobilidade limitada, câncer e varizes de grosso calibre.

“Vale lembrar que também fazem parte do grupo de risco pessoas com mais de 50 anos, obesas, puérperas, fumantes ou que tenham feito recentemente cirurgias, sobretudo abdominais e ortopédicas. Também entram na lista mulheres que fazem uso de pílula anticoncepcional ou reposição hormonal, além de pessoas que tenham passado muitos dias imóveis na cama”, complementa Rodolpho.

Para uma viagem tranquila, todo cuidado é pouco! O uso de meia elástica de baixa compressão e manter as pernas em movimento são recomendações para diminuir os riscos de desenvolvimento de uma trombose. Enquanto estiver sentado, é possível fazer exercícios, de tempos em tempos, como fixar a ponta dos pés no chão e levantar os calcanhares. Em seguida, trocar: levantar a ponta dos pés e apoiar os calcanhares no piso do avião. Para os pacientes de risco, o uso de anticoagulante pode ser recomendado, além é claro, da importância de se manter hidratado.

“É natural que as pessoas não se deem conta de que estão desidratadas. Várias questões contribuem para isso em voos, como por exemplo, o ar condicionado dos aviões e a ingestão de bebidas alcoólicas. Fora isso, o aumento da pressão também pode contribuir para uma hipoxemia (falta de oxigenação no sangue)”, ressalta o angiologista.

O perigo não está só no ar!

Apesar do mal da classe econômica estar em evidência por causa do período de férias, vale lembrar que a trombose também pode ocorrer em terra firme, em casa ou no escritório, por exemplo. “Quem fica muito tempo parado numa mesma posição, como no sofá vendo TV ou na cadeira do home office o dia inteiro, também está sujeito a ter complicações, ainda mais quando é obeso, sedentário, estressado e possui antecedentes familiares de quadros trombóticos”, diz o médico.

Por isso, vale prestar atenção aos sinais em qualquer situação. Entre eles, inchaço, dor, vermelhidão na pele e endurecimento muscular. Além disso, falta de ar, dor torácica, cansaço extremo e paralisia, por exemplo, se ocorrerem repentinamente, devem ser investigados imediatamente para não resultarem em consequências que podem ser fatais. E, se for viajar, consultar um médico vascular caso apresente alguma destas condições.

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