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Dia Nacional do Escritor: GDF incentiva produção literária com DNA brasiliense

Programa de valorização de artistas do Quadradinho, recursos do FAC e Prêmio Candango são exemplos de ações que impulsionam os nomes e o mercado local

 

Os escritores têm papel fundamental na sociedade, reconhecidos com uma data nacional só para a categoria, celebrada em 25 de julho. Além de entreter, compartilham conhecimento, questionam e refletem a cultura em que estão inseridos. No Distrito Federal não é diferente. Por aqui, temos vários expoentes que levam a produção mundo afora e, com incentivos do Governo do Distrito Federal (GDF), compartilham esses universos reais e imaginários também com quem vive no Quadradinho. Especialmente com quem tem menos acesso a esse tipo de produção.

Uma dessas ações foi a sanção da lei nº 7.393/2024, no início deste ano, que cria o programa de valorização dos escritores e escritoras brasilienses. O objetivo é incentivar a difusão das obras literárias e privilegiar a inserção dessas histórias nos acervos dos órgãos e bibliotecas públicas do DF. Entre as novidades trazidas pela nova legislação está a inclusão de um título de autoria brasiliense para cada dez livros adquiridos. Também se incentiva a realização de prêmios literários, exposição de obras de autores da capital, palestras e seminários.

Programa do GDF prevê que a cada 10 livros adquiridos por equipamentos públicos, um seja assinado por autor brasiliense | Foto: Lúcio Bernardo Jr/ Agência Brasília

Escritor e presidente da Academia Gamense de Letras, Manoel Pretto é autor da proposta que se tornou lei e viabilizou o programa de valorização dos escritores e escritoras brasilienses.

“Muitas vezes, as escolas trabalham com escritores de outros lugares, e os nossos ficam na periferia da literatura”, analisa Pretto. Porém, ele acredita que com esse incentivo o cenário tem tudo para mudar. “Esse projeto veio para reparar alguns erros dentro da estrutura escolar e da sociedade. Temos escritores relevantes que os próprios vizinhos não conhecem”, acentua.

Acesso à cultura

Conhecido de todos os envolvidos com arte e produção cultural no DF, o Fundo de Apoio à Cultura (FAC) é o principal mecanismo de fomento para viabilizar e democratizar o acesso da população à cultura em todo o Quadradinho. Por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec), o FAC oferece apoio financeiro por meio de projetos selecionados em editais públicos.

O financiamento permite a realização de filmes, peças de teatro, CDs, DVDs, livros, exposições, oficinas e inúmeras circulações artísticas em todo o DF. Para se ter uma ideia, dos R$ 45 milhões em investimentos previstos no edital 2024 para 21 categorias, R$ 4 milhões serão destinados para projetos voltados para a literatura. O valor é maior do que o investido no ano passado, quando o edital previa R$ 30 milhões, sendo R$ 2,86 milhões para projetos literários.

O poeta mineiro-brasiliense Alberto Braga Horta, nascido em Carangola (MG), é ganhador do prêmio Jabuti – o maior do país na literatura – com o livro Fragmentos da Paixão, publicado graças ao apoio do FAC. “É muito frequente não se dar nenhuma importância à literatura, particularmente, à poesia. A literatura, querendo ou não, mostra o mundo atual, os problemas sociais. O autor se reflete na sua literatura e a boa literatura contribui para o refinamento da sensibilidade”, define. Por isso, ele defende a importância da atuação do poder público para a disseminação dessa expressão artística: “Acho muito importante o apoio à cultura pelo Estado”.

Estreante na literatura, Luciany Osório está prestes a ter o sonho de ser escritora realizado. Contemplada pelo FAC, ela lançará o livro Fale baixo, menina!, em outubro. Como contrapartida, exigida em todos os projetos aprovados no programa, fará dez apresentações em escolas da zona rural e urbana de Brazlândia, região onde também atua como arte-educadora de estudantes com altas habilidades.

“Eu nunca tinha pensado em escrever um livro, mas a vontade começou a surgir de uns anos para cá. Como professora, acho relevante a mensagem que o texto vai transmitir para meninas e mulheres, pois trata sobre a voz da mulher e o cerceamento na sociedade desde que a gente se entende por gente”, explica.

Para ela, o investimento do GDF é crucial. “Se não fosse o FAC, provavelmente, eu não teria a oportunidade de publicar. Não só isso. Eu queria um trabalho de diálogo e reflexão com as crianças, e o FAC proporcionou que o livro chegasse a esse público: as crianças da zona rural e periferia”, celebra.

Luciany aproveitou a liberdade de trabalho que o FAC dá para inserir pessoas da comunidade na produção do livro. Por isso, convidou um ex-aluno das altas habilidades, Bruno Bryan, para ilustrar o livro. “Assim como o FAC incentiva a gente, a gente pode incentivar e dar oportunidade para quem está começando na produção cultural”, ressalta.

Prêmios e incentivos

A Biblioteca Nacional de Brasília receberá a terceira edição do Prêmio Candanguinho de Literatura | Foto: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília

Em outra frente de incentivo à literatura brasiliense, a Secec vai realizar a segunda edição do Prêmio Candango de Literatura, que contará com investimentos de R$ 1,5 milhão. A Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) também receberá a terceira edição do Prêmio Candanguinho de Literatura, voltado para crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos. Serão R$ 500 mil investidos para a realização do evento.

Por Ana Paula Siqueira, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader
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