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Feira discute os desafios e avanços da pessoa com deficiência visual no DF

Evento, que chega à terceira edição, é organizado pela única biblioteca pública braille da capital federal

 

Localizada em Taguatinga, a única biblioteca pública braille do Distrito Federal, a Dorina Nowill, promoveu, nesta quinta-feira (12), a terceira edição da Feira de Acessibilidade. Com o tema “Quem sou eu, pessoa com deficiência, na sociedade”, o evento explorou as diversas condições de deficiência visual, desde a baixa visão até a cegueira total, a inclusão e o protagonismo desse público.

A terceira edição da Feira de Acessibilidade, realizada nesta quinta (12), teve como tema ‘Quem sou eu, pessoa com deficiência, na sociedade’ | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília

A feira contou com a participação de quase 30 instituições, incluindo secretarias do Governo do Distrito Federal (GDF), órgãos públicos e entidades dedicadas às pessoas com deficiência visual. Na ocasião, as participantes contribuíram com exposições sobre os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência visual (PCDVs), além de soluções e recursos voltados para inclusão, como tecnologias assistivas e práticas pedagógicas acessíveis.

“É a terceira edição deste evento, que começou pequeno, com 10 instituições, e hoje já praticamente triplicamos esse número. Temos pessoas vindo de outros estados para aprender mais sobre o nosso trabalho e queremos nos tornar uma referência nacional”, defende a coordenadora da biblioteca, Eliane Ferreira.

Um dos destaques do evento foi a barraca montada com equipamentos utilizados em modalidades paralímpicas, como a bola com guizo usada no futebol de cinco, tiro com arco adaptado e a bocha, que, embora não seja jogada por pessoas cegas, é uma modalidade inclusiva para outros tipos de deficiência.

Acervo robusto

Criada em 1995, a biblioteca mantida pelo GDF oferece um acervo de 2 mil exemplares e 800 títulos adaptados. A instituição faz parte da Rede de Bibliotecas Públicas do Distrito Federal e mantém um vínculo importante com a Fundação Dorina Nowill para Cegos, de São Paulo, reforçando sua missão de promover a inclusão por meio da literatura e da cultura.

“Temos um catálogo extenso, com livros em braille e audiolivros, um telecentro com computadores acessíveis e projetos periódicos, com leitura, clubes do livro e outras programações. Tudo inteiramente gratuito e aberto ao público, sempre de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h”, detalha a coordenadora.

O evento contou com a participação de quase 30 instituições, incluindo secretarias do GDF, órgãos públicos e entidades dedicadas às pessoas com deficiência visual

Acessibilidade ampliada

O secretário da Pessoa com Deficiência, Flávio Pereira, destacou a importância de espaços para debate e troca de experiências, incentivando a reflexão sobre o papel da pessoa com deficiência na sociedade e os desafios para ampliação da acessibilidade. “Todos os eventos voltados para a pessoa com deficiência nos despertam para uma avaliação daquilo que temos hoje e naquilo que precisamos evoluir para que as pessoas com deficiência possam ter mais dignidade e cidadania. Essa feira resgata o princípio de trazer para o centro das discussões o PCD e suas necessidades.”

Também presente no evento, a secretária da Mulher, Giselle Ferreira, afirmou que a pasta tem como uma das metas ampliar a acessibilidade de seus programas, especialmente os pautados pelo combate à violência contra a mulher. “Queremos ampliar o acesso das pessoas às políticas públicas do governo e por isso, em breve, nossos livros, cartilhas e demais materiais da Secretaria da Mulher passarão a ser divulgados também em braille”, explica.

O tecladista Josinei Ferreira participa de atividades musicais promovidas pela Biblioteca Dorina Nowill: “Comecei a vir por estímulo do meu pai. Ele me trazia, me incentivava a ler e aprender, a me desenvolver mesmo”

Frequentador da biblioteca, o cantor Ricardo Nascimento, 49 anos, encontrou no espaço o acolhimento que precisava para enfrentar um dos momentos mais difíceis da vida, logo após perder a visão. “Cheguei em 2015, tinha perdido a minha visão e não sabia fazer nada. A biblioteca me trouxe novos ares e me deu a confiança que eu precisava para seguir a carreira que sempre sonhei, de cantor”, conta.

No espaço, Nascimento conheceu o hoje amigo e tecladista Josinei Ferreira. Juntos, eles participam de atividades musicais promovidas pela biblioteca. “Desde que me conheço por gente frequento aqui. Comecei a vir por estímulo do meu pai. Ele me trazia, me incentivava a ler e aprender, a me desenvolver mesmo”, relata.

 

Por Victor Fuzeira, da Agência Brasília | Edição: Carolina Caraballo
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