O vírus que não para de atingir pessoas em todo o mundo, fazendo com que os leitos de enfermarias e UTIs fiquem lotados
A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo novo coronavírus, identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, em Wuhan, na China.
No Brasil, vários municípios estão com os leitos de UTIs e enfermarias lotados de pacientes. Não há mais vagas e os pacientes não param de chegar.
É este o cenário que estamos vivenciando no Brasil: de desespero e desolação. Em março do ano passado, o País se viu frente a um novo inimigo que, além de causar muita insegurança, também tem agravado crises na saúde mental dos brasileiros que apresentam quadros de ansiedade, depressão e pânico, sem falar no isolamento social.
O mundo vive uma situação peculiar, com uma rotina modificada desde que a quarentena foi iniciada no ano passado. A COVID-19 é uma doença que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% dos pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos (poucos sintomas). Aproximadamente 20% dos casos detectados requerem atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório.
Em fevereiro deste ano, o Brasil registrou mais de 30 mil mortes pela COVID-19, segundo dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de saúde do País. Desde o início da pandemia milhares de pessoas tiveram ou têm o novo coronavírus. Pelo menos 15 Estados no Brasil entraram para a lista com alta nas mortes: PR, MG, RJ, SP, GO, MT, AM, AP, RR, TO, AL, CE, PE, PI e SE. No mês de março, durante a segunda onda, o País atingiu o recorde de 1.855 óbitos causados pela doença diariamente.
As informações sobre o risco à saúde são tão importantes quanto as medidas básicas de proteção contra o vírus. Quando passadas de forma precisa e confiável, baseadas em evidências, as informações permitem que as pessoas tomem decisões conscientes e adotem comportamentos positivos, tornando-se a melhor vacina contra a doença.
MUTAÇÃO DO NOVO CORONAVÍRUS
Além do pânico que várias pessoas estão sentindo, surgiu recentemente mais um problema a ser enfrentado, que é uma variante mais agressiva do novo coronavírus (Sars-Cov-2). As alterações apresentadas no Brasil reduzem a eficácia das vacinas desenvolvidas até o momento. Por isso a preocupação aumentou ainda mais recentemente. A mutação é uma alteração que ocorre de forma aleatória no material genético. Essas mudanças ocorrem com frequência e não necessariamente deixam o vírus mais forte ou mais transmissível. Por isso pesquisadores acompanham o caminho das transmissões e estão fazendo um mapeamento do material genético no decorrer da pandemia como uma forma de monitorar as versões que realmente merecem atenção.
VARIANTE
A variante pode ser entendida como o vírus que mudou durante seu processo de replicação. Quando essa mudança (mutação) começa a aparecer muitas vezes, os especialistas fazem o sequenciamento do genoma. Se essa mudança se fixa, isso configuraria variante do vírus anterior. O vírus ancestral (ou original) pode ter várias variantes, cada uma com uma modificação diferente.
LINHAGEM
É um conjunto de variantes que se originaram de um vírus ancestral comum. A linhagem seria um grupo de variantes que se diferenciam e têm um ancestral comum, que seria aquele primeiro vírus identificado.
CEPA
A cepa é uma variante ou um grupo de variantes dentro de uma linhagem que já se comportam um pouco diferente do vírus original. As cepas circulantes do vírus podem ser de linhagens diferentes como, por exemplo, as do Brasil, da África do Sul e do Reino Unido ou uma linhagem pode ter várias cepas diferentes.
A FRAGILIDADE CAUSADA PELA COVID
Para a médica com pós-graduação em Psiquiatria, pós-graduação e especialização em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, Eliene Ancelmo Berg, a pandemia potencializou o que já não vinha bem há tempos – a forma como as pessoas de modo geral vinham lidando com suas emoções. As sociedades em várias partes do mundo já vinham padecendo com o enfrentamento de situações emocionalmente conflitantes como violência urbana, social e doméstica, coibição às minorias, preconceitos diversos, crises geopolíticas, desigualdades econômicas, insegurança financeira, desemprego e até ameaças de novas guerras. Tudo isso embora ocorra num ambiente macro acaba tendo repercussões pessoais em cada um de nós, seres humanos que compomos essas sociedades.
“Esses fatores que por si sós já seriam suficientes para nos levar a uma fragilidade em nossas emoções ou até mesmo a um adoecimento psíquico de repente foram potencializados pelo surgimento da pandemia”, afirma.
Para Eliene Berg, o surgimento de novas mutações do vírus também agravou a ansiedade nas pessoas, pois com a descoberta da vacina e o início do processo de imunização pelo mundo, houve certo alívio e a sensação de que estávamos iniciando a caminhada para o fim dos tempos sombrios. Imediatamente após esse breve período, deparamo-nos com o surgimento de mutações do vírus, que nos fez ver que a situação não seria assim tão simples. O que até então era desconhecido passou a ser uma incógnita e o sentimento de impotência tornou-se mais devastador.
“Isso piora não só a ansiedade, mas também pode agravar ou precipitar alterações do humor, como depressão e sintomas de pânicos, por exemplo. Não podemos nos esquecer de que além de todos esses acontecimentos, também estamos cansados da adoção de medidas impostas por esta realidade – que devem sim ser respeitadas e adotadas por todos -, mas que em razão do tempo de evolução da crise, aliado ao fato de ainda não termos uma perspectiva de melhora a médio prazo, pode nos levar a um estado de esgotamento emocional”, avalia.
Para a médica, a primeira medida é trabalharmos a aceitação dos fatos. O período exige resiliência pessoal e cooperação coletiva, pois assim como em toda guerra, o que traz sabor à vitória não é apenas a sua conquista, mas também minimizar as perdas. “É preciso buscar o otimismo e manter esse pensamento consonante ao nosso comportamento e às nossas atitudes, pois o pensamento por si não muda a situação. Podemos adotar hábitos simples que vão trazer benefícios à nossa saúde física, mental e familiar, além de crescimento pessoal. No mais, é preciso que não desistamos, que façamos a nossa parte não com a sensação de estarmos fazendo o que é meramente a nossa obrigação como integrantes de uma sociedade em crise, mas sim o que é nosso dever como seres humanos que somos; afinal, é difícil transformar lágrimas em esperança mas não é impossível. E certamente, quando tudo isso for apenas parte da nossa história, será muito bom recordarmos de nós mesmos com orgulho”, destacou a médica.
SERVIÇO:
Lave sempre as mãos com água e sabão ou utilize álcool em gel. Evite aglomerações e, ao sair de casa, use máscara.