Em 2023, o Lacen-DF realizou mais de 480 mil exames; atuação qualificada torna unidade referência em diversas áreas
Criado originalmente como Instituto de Saúde do Distrito Federal, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF) desempenha papel crucial na rede da capital federal. Em 2023, mais de 488.581 exames foram realizados pelos profissionais da unidade. Apenas neste ano, até o fim de março, o quantitativo já ultrapassava os 176 mil diagnósticos.
Recentemente, o laboratório passou por reformas, com a implantação do diagnóstico molecular de doença de Chagas e malária, além do sequenciamento genômico do vírus influenza e da dengue.
No local, três grandes gerências são responsáveis pela realização das análises: de Biologia Médica (GBM), de Controle de Qualidade de Produtos e Ambientes (GCQPA) e de Medicamentos e Toxicologia (GMTOX). Em números, no ano passado, a GBM elaborou 438,2 mil exames; a GCQPA, 37,3 mil; e quase 13 mil foram realizados pela GMTOX.
No primeiro trimestre de 2023, foram 120 mil análises: 111 mil na GBM. 7,1 mil na GCQPA e 1,8 mil na GMTOX. Considerando o mesmo período em 2024, os índices chegaram a 167,4 mil exames pela GBM, 4,9 mil pela GMTOX e 4 mil pela GCQPA.
O Lacen-DF realiza mais de 170 tipos de exames laboratoriais, como os de análise toxicológica, de bactérias, botulismo, brucelose, doença de Chagas, chikungunya, citomegalovírus. coqueluche, coronavírus, dengue, tuberculose, difteria, enteropatógenos, esquistossomose, febre amarela, febre maculosa, filariose, hanseníase, hantavirose, HIV. HPV (papilomavírus), infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), leishmaniose, leptospirose, malária, monkeypox e hepatites A, B, C e aguda de etiologia a esclarecer .
“Em ações de vigilância sanitária, realizamos análise tanto de qualidade da água quanto de alimentos para consumo humano, além da verificação de medicamentos e produtos para a saúde. Na parte de monitoramento epidemiológico, investigamos doenças de notificação, como covid-19 e arboviroses”, detalha a diretora do Lacen-DF, Grasiela Araújo da Silva.
Ao todo, o laboratório central possui 218 servidores no quadro de pessoal. Entre os 64 especialistas em diversas áreas, são 39 profissionais com grau de especialização, 16 com mestrado e nove doutores.
Alimentos
As análises fisicoquímicas em água e alimentos são feitas pelo Núcleo de Química de Alimentos (NQA), que recebe, aproximadamente, 150 amostras por semana. Ali os profissionais examinam a qualidade da água para consumo humano ou para processos industriais de preparo de alimentos, verificando, entre outros itens, o teor de sódio.
Em um trabalho conjunto, o Núcleo de Microbiologia de Alimentos e Ambientes é responsável pela análise fiscal e de orientação nas áreas de microbiologia e microscopia de alimentos e ambientes. Adicionalmente, são verificadas também denúncias e surtos em alimentos e amostras ambientais do DF. “Nessa parte do laboratório, conseguimos garantir uma segurança à população em relação aos alimentos consumidos e à água utilizada”, explica a diretora.
Vigilância epidemiológica
No âmbito da vigilância epidemiológica, o Lacen-DF se destaca como referência nacional no diagnóstico em Candida albicans, popularmente conhecida como candidíase, e, regionalmente, em tuberculose, monkeypox e genes de resistência.
No combate à tuberculose, o laboratório fornece diagnósticos precisos, contribuindo para o controle da doença. Já em termos de bactérias, a pesquisa em genes de resistência permite identificar padrões de resistência e antibióticos, orientando estratégias de tratamento mais eficazes. Em relação à monkeypox, a unidade possui capacidade de identificar e diagnosticar os casos de forma ágil.
“O Lacen-DF é primordial na execução dessas análises, pois conseguimos fazer uma sorotipagem e, por meio da metodologia PCR, identificar, diferenciar e saber o que está circulando. Além disso, fazemos o trabalho de sequenciamento das amostras dos vírus. Com a vigilância genômica, verificamos e explicamos alguns comportamentos de doenças na população, como o aumento e a gravidade de casos”, diz Silva.
Durante a pandemia de covid-19, o laboratório se destacou e atuou como centro de referência em sequenciamento genético, atuando com uma peça-chave no monitoramento da evolução do vírus, identificando variantes e auxiliando na elaboração de estratégias de controle e vacinação.
Origem
O Lacen-DF foi criado em abril de 1978 como Instituto de Saúde do Distrito Federal (ISDF). O objetivo era desenvolver, em parceria com outros órgãos, um sistema de vigilância sanitária, epidemiológica, controle de zoonoses, de sangue e hemoderivados.
Em 2000, o ISDF foi extinto e o Lacen-DF surgiu. Em 2011, a Secretaria de Saúde (SES-DF) passou por uma reestruturação, em que o laboratório, por questões técnicas, teve sua denominação alterada para Diretoria do Laboratório Central de Saúde Pública, subordinado diretamente à Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS).
Agência Brasília* | Edição: Carolina Caraballo