PolĂ­tica

CLDF homenageia os 51 anos de luta do povo Saaraui pela independĂȘncia

A CĂąmara Legislativa do Distrito Federal realizou sessĂŁo solene destinada a celebrar os 51 anos da Frente PolisĂĄrio. A organização representa a resistĂȘncia e a luta pela justiça para o povo do Saara Ocidental, nĂŁo apenas o povo Saaraui, mas tambĂ©m todos que lutam por respeito aos direitos humanos e Ă  liberdade ao redor do mundo. A reuniĂŁo ocorreu na manhĂŁ desta sexta-feira (10) por iniciativa do deputado Max Maciel (PSOL).

Logo ao inĂ­cio da sessĂŁo, o deputado vestiu um xale com objetivo de representar a solidariedade ao povo Saaraui. “O movimento polĂ­tico e a questĂŁo geopolĂ­tica sĂŁo pouco conhecidos e divulgados no Brasil. A Frente PolisĂĄrio Ă© uma histĂłrica organização de luta pela libertação do Saara Ocidental e pela fundação de um estado soberano para o povo Saaraui. Como internacionalistas, nĂŁo podemos e nem devemos fechar os olhos para o que acontece com nossos irmĂŁos do povo Saaraui”, disse Max.

Conforme informou o parlamentar, a população reĂșne um milhĂŁo de pessoas e o Saara Ocidental ocupa uma ĂĄrea com mais de 260 mil km2, localizada no extremo ocidente do deserto do Saara, entre o Marrocos, ArgĂ©lia e a MauritĂąnia. Foi colonizada pela Espanha em 1880 e invadida pelo Marrocos em 1975. “O resultado dessa invasĂŁo golpista, contra a soberania Saaraui foi a antecipação da saĂ­da espanhola e o domĂ­nio marroquino sobre Ÿ do territĂłrio do Saara Ocidental localizado na costa.

A ĂĄrea restante, interiorana, ficou sob controle da Frente PolisĂĄrio. Hoje o territĂłrio Ă© cercado pelo maior muro do mundo, o Muro do Saara que persiste com 2.700 km de extensĂŁo. O paĂ­s Ă© cercado de minas terrestres. Por tudo isso, a Frente PolisĂĄrio segue firme na busca pela unificação e pela independĂȘncia do Saara Ocidental, com a formação de um estado soberano. A luta aqui Ă© pela legĂ­tima libertação da Ășltima colĂŽnia da África”, explicou o parlamentar.

Por fim, ele destacou que a esperança Ă© pelo reconhecimento do estado Saaraui. “Em respeito Ă  histĂłrica tradição diplomĂĄtica do Brasil, esperamos que chegue logo o momento em que o Estado Brasileiro reconheça o Estado Saaraui como um estado independente, democrĂĄtico e soberano”, declarou o deputado.

Jå a presidente da Associação de Solidariedade e pela Autodeterminação do Povo de Saharaui (Asaharaui), ex-deputada distrital e federal Maria José da Conceição Maninha (PSOL) falou sobre a solidariedade.

Por sua vez, o embaixador da RepĂșblica Árabe Saaraui DemocrĂĄtica, Ahmed Mulay Ali Hamadi, representante da Frente PolisĂĄrio no Brasil, lembrou que hĂĄ 51 anos, houve o levante do povo Saaraui. “Neste dia, nasceu a Frente PolisĂĄrio, movimento do nosso povo que se viu obrigado a pegar as armas para combater primeiro o colonialismo espanhol. Nosso povo buscou de todas as formas negociar por nosso direito Ă  autodeterminação e independĂȘncia mediante acordo de paz e de forma pacĂ­fica, mas a resposta foi o massacre em 17 de junho de 1970″, explicou Hamadi.

O embaixador observou que o povo Saaraui nĂŁo teve outra escolha a nĂŁo ser se recolher Ă s armas. Desde 1973, criaram um prĂłprio movimento para enfrentar o colonialismo espanhol. “Atualmente, o movimento tem que combater a invasĂŁo militar do exĂ©rcito do Reino de Marrocos, armado atĂ© os dentes por França, Israel e Estados Unidos, alĂ©m de estar protegido pelo muro e por 8 milhĂ”es de minas terrestres. Temos mais de 600 pessoas que seguem desaparecidas, centenas encarceradas e hĂĄ torturas praticadas nas ruas. Hoje temos mais de 30 embaixadas pelo mundo e espero que em breve possamos dizer trinta e uma, com a embaixada no Brasil”, destacou Hamadi, registrando que a RepĂșblica Saaraui tem o reconhecimento de 84 paĂ­ses do mundo. “Por Ășltimo, apela-se Ă  população brasileira e Ă  comunidade internacional para prestar atenção na causa Saaraui e fazer tudo para que o Brasil e o presidente Lula reconheçam a RepĂșblica Saraui”, finalizou o representante do povo Saaraui.

A deputada federal pelo Distrito Federal Erika Kokay (PT) disse que o muro Ă© mais do que o obstĂĄculo fĂ­sico. “Muito mais do que tijolo e cimento, Ă© o muro da opressĂŁo dos que acham que podem tirar a liberdade e autonomia de um povo, impor seus interesses econĂŽmicos contra a prĂłpria liberdade. A histĂłria nos ensina que todas as injustiças nĂŁo sĂŁo perenes, um dia elas se findam”, conclamou Kokay.

Ao fim da solenidade, o representante da Frente Polisårio no Brasil recebeu moção da Cùmara Legislativa. Também foi empossada a segunda diretoria da Asaharaui.

Francisco EspĂ­nola – AgĂȘncia CLDF