Meio Ambiente

Programa de adoção dá novos lares a animais de grande porte no Distrito Federal

Com uma média anual de 270 bichos resgatados em vias públicas no DF, Secretaria de Agricultura promove encontro entre bichos que sofreram maus-tratos ou abandono e seus novos tutores

 

A adoção de animais de grande porte resgatados tem se tornado uma alternativa importante para dar uma nova vida a equinos e bovinos que sofreram maus-tratos ou abandono. Os adotantes podem oferecer os cuidados necessários e aliviar lotações em abrigos. Realizando um trabalho de resgate e uma ponte com quem tem interesse em adotar, o Governo do Distrito Federal (GDF) disponibiliza os bichos apreendidos por meio do projeto Adote um Animal.

Criado em 2020, o programa da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) tem uma média anual que gira em torno de 270 resgates. Sob custódia do Estado, os animais recebem alimentação e cuidados veterinários. Eles são apreendidos em ações de fiscalização da Seagri por diversos motivos, principalmente por estarem soltos em vias públicas – o que é um risco tanto para eles, que podem ser atropelados ou vítimas de maus-tratos, quanto para quem trafega pelas vias, podendo resultar em graves acidentes de trânsito.

Programa Adote um Animal alimenta e dá tratamento veterinários aos bichos antes de eles serem adotados | Fotos: Tony Oliveira/ Agência Brasília

Ao ser notificada da ocorrência, que pode ser efetuada por meio de chamados e denúncias da população, a Seagri envia equipes ao local com maquinário adequado e servidores qualificados para fazer o recolhimento dos bichos. Após a apreensão, os proprietários têm até 30 dias para reivindicar a posse dos resgatados. Caso não o façam, eles são direcionados à Gerência de Apreensão.

Após serem resgatados, os animais passam por um processo de triagem inicial, onde são colocados em um piquete de espera. Lá, eles passam por avaliação veterinária, feita em parceria com o Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (UnB), para determinar a condição clínica – se estão debilitados ou precisam de um tratamento diferenciado. Em seguida, recebem microchip e são separados em currais onde aguardam restituição ou adoção. Nessa fase, passam por inspeções veterinárias detalhadas e por períodos de quarentena, a fim de monitorar possíveis manifestações clínicas de doenças.

Redução de casos

Alesson Macena: “Os carroceiros não deixam mais tantos bichos soltos nas vias porque não há mais uma impunidade. Antes, acontecia de buscarem um animal e, no outro mês, deixá-lo solto de novo na BR”

De acordo com o chefe de núcleo operacional logístico e administrativo do curral da Seagri, Alesson Macena, a maioria dos animais chega bastante machucada e debilitada, geralmente tendo sido usada em carrocerias no passado. O gestor reforça a importância da Portaria nº 171, instituída em julho de 2024, que dispõe sobre os critérios de restituição e colabora para inibir práticas de abandono.

“Os carroceiros não deixam mais tantos bichos soltos nas vias porque não há mais uma impunidade. Antes, acontecia de buscarem um animal e, no outro mês, deixá-lo solto de novo na BR”, detalha. Alesson destaca que houve queda de bichos soltos nas vias públicas em julho deste ano e reforça as regras implementadas pela nova portaria, como a impossibilidade de uma pessoa que já retirou um resgatado da unidade poder adotar mais um ou retirar o mesmo novamente.

Atualmente, quatro equinos estão disponíveis para adoção na unidade, que já chegou a abrigar 70 bichos em um único mês

Segundo o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), este ano foram registrados dois acidentes de trânsito envolvendo grandes animais, sendo um deles fatal. “Nosso objetivo é tirar esses bichos de vias e logradouros públicos. Além dos acidentes que podem causar, eles também podem acabar comendo lixo – o que não só causa poluição e bagunça nas residências, mas também pode fazer mal ao organismo do animal”, ressalta.

 

Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader