Iniciativa da UnB com apoio da FAPDF busca combater tabus e promover acesso Ć educaĆ§Ć£o menstrual
A menstruaĆ§Ć£o ainda Ć© cercada por tabus e mitos, refletidos em desinformaĆ§Ć£o e exclusĆ£o social ao redor do paĆs. O projeto MEInstruAĆ§Ć£o, fomentado pela FundaĆ§Ć£o de Apoio Ć Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e sediado na Universidade de BrasĆlia (UnB), atua para reverter esse cenĆ”rio, promovendo educaĆ§Ć£o menstrual entre os estudantes.
Com base em uma abordagem crĆtica e interseccional, o projeto busca desconstruir estigmas e ampliar a discussĆ£o sobre menstruaĆ§Ć£o, incluindo pessoas trans e nĆ£o-binĆ”rias. O MEInstruAĆ§Ć£o incentiva debates e oficinas em escolas do Distrito Federal para promover a conscientizaĆ§Ć£o.
Para a professora Maria Carmen Aires Gomes, Ć frente do projeto, o problema Ć© sistĆŖmico. āA precariedade menstrual Ć© uma problemĆ”tica sociocultural polĆtica e discursiva que gera impactos nĆ£o sĆ³ no acesso e na permanĆŖncia escolar de meninas e mulheres cis, homens trans e pessoas nĆ£o-binĆ”rias que menstruam, mas afeta tambĆ©m a produtividade dessas pessoas e o desempenho no mercado de trabalhoā, pontua a pesquisadora. āO tabu e o estigma em torno da saĆŗde menstrual ainda persistem na sociedade brasileira, quase nĆ£o hĆ” estudos que investiguem o tema no contexto do Distrito Federalā, completa.
Pobreza menstrual
A pobreza menstrual Ć© um desafio estrutural no Brasil, atingindo milhƵes de pessoas sem acesso adequado a produtos de higiene. O projeto trabalha em trĆŖs eixos principais: tabu e estigma, precariedade menstrual e sustentabilidade ambiental, incentivando o uso de produtos menstruais sustentĆ”veis como coletores e discos menstruais.
Para o presidente da FAPDF, Marco AntĆ“nio Costa JĆŗnior, o intuito de programas voltados para a saĆŗde feminina estĆ” inserido nos valores da fundaĆ§Ć£o. āUtilizar a pesquisa como ferramenta de combate Ć s desigualdades tem sido uma tarefa cumprida com muito empenho pelos pesquisadores que podem afetar positivamente a realidade da populaĆ§Ć£oā, pontuou.
āNĆ³s promovemos aƧƵes de educaĆ§Ć£o menstrual que tĆŖm como objetivo principal ressignificar mitos, tabus e estigmas menstruaisā, relata Maria Carmen Aires Gomes. āComo temos um foco na sustentabilidade ambiental, mostramos todos os tipos de produtos menstruais disponĆveis no mercado e apontamos os pontos positivos e negativos quanto ao uso, considerando as condiƧƵes econĆ“micas e ambientaisā, completa a profissional.

A iniciativa tambĆ©m dialoga com polĆticas pĆŗblicas, como o PLC nĀŗ 12/2023, que prevĆŖ licenƧa menstrual para servidores do DF, e a Lei nĀŗ 7.423/2024, que garante absorventes para mulheres em situaĆ§Ć£o de rua. Essas medidas sĆ£o essenciais para combater a precariedade menstrual e promover mais dignidade.
AlĆ©m do impacto social e educacional, o projeto traz uma abordagem pedagĆ³gica emancipatĆ³ria, estimulando a troca de saberes e o empoderamento dos estudantes. Tecnologias educacionais, como nuvem de palavras e vĆdeos curtos, sĆ£o utilizadas para facilitar o aprendizado e estimular a reflexĆ£o crĆtica.
Do DF para todo o paĆs
O futuro do MEInstruAĆ§Ć£o inclui a expansĆ£o para outras regiƵes do Brasil e a criaĆ§Ć£o de um ObservatĆ³rio da Dignidade Menstrual que monitore polĆticas pĆŗblicas sobre o tema. A meta Ć© formar uma rede de educadores menstruais e ampliar a discussĆ£o sobre o acesso Ć educaĆ§Ć£o menstrual.
Por AgĆŖncia BrasĆlia, com informaƧƵes da FAPDF | EdiĆ§Ć£o: Vinicius Nader