Educação

Capacitação gratuita sobre mecânica eleva confiança e independência das mulheres

Curso é promovido pela Escola Pública de Trânsito do Detran; as turmas de agosto já estão preenchidas, e a lista de espera para setembro já tem 25 inscritas

 

Quando trocar a correia dentada? O que é líquido de arrefecimento? Onde fica o radiador do veículo? Como fazer o rodízio de pneus? Essas e outras dúvidas são esclarecidas no curso Mecânica para Mulheres, promovido pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran). Neste mês, mais uma turma da capacitação gratuita foi finalizada, com a participação de 20 mulheres, que ganharam, além de um certificado de conclusão, confiança e independência para lidar com questões de mecânica.

O conteúdo foi reformulado em 2023 para abordar temas atuais e problemas corriqueiros em decorrência do tempo de uso, como manutenção veicular e os principais indicadores do painel de instrumentos, a fim de garantir a segurança no trânsito e evitar que as cidadãs sejam enganadas ao buscar serviços de reparo | Foto: Matheus H. Souza/Agência Brasília

O curso é destinado a mulheres habilitadas que estejam interessadas em atualizar os conhecimentos sobre o funcionamento básico dos veículos. O conteúdo foi reformulado em 2023, pela Diretoria de Educação de Trânsito do Detran, para abordar temas atuais e problemas corriqueiros em decorrência do tempo de uso, como manutenção veicular e os principais indicadores do painel de instrumentos, a fim de garantir a segurança no trânsito e evitar que as cidadãs sejam enganadas ao buscar serviços de reparo.

Há ainda cursos para quem tem medo de dirigir, de reciclagem de condutores e para atualização de instrutores, que são abertos para homens e mulheres

Uma das participantes foi a autônoma Luciana Marques de Araújo, 55 anos. Apesar de dirigir desde a juventude, ela não entendia o funcionamento dos veículos. “Quando a gente não tem nenhuma base de como funciona um carro, fica completamente perdida, podendo pagar mais caro em um serviço que deveria ser barato”, contou ela, que atualmente não tem carro próprio. “Hoje minha consciência do assunto é muito mais plausível; e, se eu precisar, vou conseguir entender o que o mecânico está falando e vou poder rebater uma informação com embasamento”.

Luciana alegou que o curso é dinâmico e interativo, tendo abordado cada sistema do motor do carro de forma didática. “Quando a gente olha para o motor, vê tanta coisa que fica difícil entender a função de cada uma. Aqui aprendemos a compartimentar o motor e o que faz cada sistema, como o de lubrificação, o de direção, o de frenagem e por aí vai”, afirmou. “A gente chega aqui de um jeito e sai completamente diferente. Me sinto muito mais confiante e sei que posso lidar com diversas situações do carro, como carregar a bateria – o que antes era um bicho de sete cabeças para mim, mas hoje percebo que é super simples”.

A cabeleireira Gláucia Maria Rosa, 61, é habilitada há dez anos, mas dirigiu em poucas ocasiões. Ela conta que, por dedicar a rotina ao cuidado da mãe, que faleceu há dois meses, não precisava usar o carro. Após concluir a formação, ela sabe o roteiro necessário para garantir o bom funcionamento veicular. “Cheguei leiga e já sei trocar pneus, como fazer a calibração, que deve ser feita toda semana, e outras coisas. Aprendi muito. Os professores são muito bons”, diz.

Gláucia Maria Rosa conta que, por dedicar a rotina ao cuidado da mãe, que faleceu há dois meses, não precisava usar o carro. Após concluir a formação, ela sabe o roteiro necessário para garantir o bom funcionamento veicular

Diante do luto pela perda da mãe, Gláucia encontrou no curso um lugar de acolhimento. “É muito difícil retomar a rotina depois de passar por uma perda tão forte assim; minha mãe era praticamente a minha vida. Estou me redescobrindo e, quando soube do curso, pensei que era o momento de ir atrás de um sonho antigo, que é voltar a dirigir”, compartilhou. “Foi uma semana muito boa. Fiz novas amigas, conversamos bastante e não me senti envergonhada por não saber das coisas, porque todas viemos para aprender mesmo”.

Rafaela Albuquerque, gerente substituta da EPT: “Recebemos mulheres de todas as idades. Elas não saem daqui especialistas em mecânica, mas sim seguras e confiantes sobre o funcionamento de um carro, para que não sejam mais enganadas ao procurar mecânicos por questões simples de manutenção”

Mais confiança

O curso é realizado presencialmente na Escola Pública de Trânsito (EPT) do Detran, na 706/906 Sul. As turmas têm carga horária de 20 horas, distribuídas em cinco dias de aula com 4h de duração cada, nos períodos matutino, vespertino ou noturno, sempre com capacidade para 20 alunas. Mensalmente são abertas até três turmas. Para participar, basta ir à EPT com um documento oficial com foto e efetuar a matrícula. As turmas de agosto já estão preenchidas, e a lista de espera para o curso em setembro já tem 25 inscritas.

“Recebemos mulheres de todas as idades. Elas não saem daqui especialistas em mecânica, mas seguras e confiantes sobre o funcionamento de um carro, para que não sejam mais enganadas ao procurar mecânicos por questões simples de manutenção”, explica a gerente substituta da EPT, Rafaela Albuquerque. “O que mais escutamos são casos de mulheres que precisaram de um reparo no carro e não se sentem seguras ao procurar uma oficina. E no final do curso percebemos que conseguimos cumprir esse objetivo, capacitando elas para que sejam mais independentes e possam cuidar do seu próprio veículo.”

Por ‌Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno