Plantio é uma demanda da Secretaria de Obras e Infraestrutura conduzido com foco em impacto visual imediato, mas também leva em consideração critérios técnicos e de sustentabilidade
Está em andamento o paisagismo do Complexo Viário Deputado César Lacerda, no Riacho Fundo, realizado pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap). Os dois viadutos construídos em trincheiras por empresa contratada pelo Departamento de Estradas e Rodagem (DER-DF) vão receber, ao todo, 89 palmeiras de espécies nativas do Cerrado, como jerivás e guarirobas.
Segundo o diretor de Cidades da Novacap, Raimundo Silva, o serviço de paisagismo na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) começou há cerca de 30 dias e integra a segunda etapa das intervenções no local. A primeira fase consistiu na preparação do terreno, plantio de grama e organização dos canteiros, seguida pela inauguração do viaduto. A etapa atual inclui a complementação paisagística, executada pela Novacap enquanto o DER-DF finaliza as adequações estruturais da obra.

O paisagismo é uma demanda da Secretaria de Obras e Infraestrutura (SODF) e tem sido conduzido com foco em impacto visual imediato, mas também leva em consideração critérios técnicos e de sustentabilidade. A escolha por palmeiras, em detrimento de árvores de copa densa, se deve à necessidade de manter a visibilidade e a segurança nas vias, pois, em sistemas viários, uma arborização fechada cria uma cortina que prejudica o deslocamento e a fluidez do trânsito, e as palmeiras permitem compor o paisagismo sem criar barreiras visuais.
Na EPNB, além da plantação de palmeiras, o projeto contempla o plantio de 851 árvores distribuídas ao longo da ligação do viaduto com o Núcleo Bandeirante e entre os setores do Riacho Fundo e Riacho Fundo II. Segundo Raimundo, embora a Novacap tenha viveiros próprios, as palmeiras utilizadas nessa etapa foram adquiridas já adultas, por meio de licitação, com o objetivo de garantir um paisagismo pronto no momento da entrega da obra. “Se a gente plantasse mudas jovens dos nossos viveiros, elas levariam de cinco a dez anos para atingir o porte ideal”, explica.

Raimundo destaca, no entanto, que a escolha das espécies também leva em conta a necessidade de manutenção e o uso racional da água. “Estamos em um momento de escassez hídrica. Por isso, optamos por plantas mais resistentes, que demandem menos irrigação”, afirma. Ele faz um contraponto com o paisagismo do balão do Aeroporto Internacional de Brasília, que utiliza flores ornamentais e exige manutenção constante, com replantio a cada 90 dias para manter o impacto visual: “As pessoas não devem esperar esse tipo de paisagismo em obras viárias. Ali é um caso específico, com canteiros baixos, pouco trânsito e alta frequência de cuidados. Já aqui, priorizamos espécies de baixa manutenção e adaptadas ao clima do Cerrado.”
O investimento nesta fase está incluído no valor total da obra, estimado em aproximadamente R$ 23 milhões, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A intervenção beneficia cerca de 100 mil motoristas diariamente para se deslocar entre regiões administrativas e outros estados.
Complexo viário
O complexo viário foi inaugurado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em novembro de 2024 e batizado de forma a homenagear o ex-deputado distrital César Trajano de Lacerda, que morreu aos 89 anos, em abril do ano passado. O novo viaduto beneficia não apenas o Riacho Fundo, mas também outras cidades do Distrito Federal, como Taguatinga, Recanto das Emas, Santa Maria e cidades do Entorno, como Alexânia e Santo Antônio do Descoberto.
As trincheiras oferecem retornos para o Núcleo Bandeirante e Samambaia. A obra foi iniciada em novembro de 2021 e executada pelo Consórcio Viaduto do Riacho Fundo. Para garantir a segurança dos pedestres, foram instalados gradis de metal com o intuito de impedir travessias perigosas, principalmente nos pontos com passarelas.
Por Karol Ribeiro, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader