Pra Quem Ainda NĆ£o Conhece O Projeto Social Papo Franco, PeƧo LicenƧa Para Compartilhar Uma Poesia, Posso?! Espero Que Gostem.
AtĆ© entĆ£o Franco pra mim era apenas meu sobrenome, hoje Ć© poesia, luta, resistĆŖncia e pra compartilhar minha histĆ³ria de vida nĆ£o esperei por nenhum convite, nĆ£o me importei com plateia, um palco, ou um microfone
AtĆ© se tornar projeto social, eu estava entregando uma pĆ” de currĆculo e se eu conseguisse algum trabalho braƧal, pro meu pai jĆ” seria o ideal. Acostumado a ser āescravizadoā a vida toda, sĆ³ conheceu o que era serviƧo pesado e sofreu muito com a falta de oportunidades aqui na capital.
Gastei sola de sapato, tempo e dedicaĆ§Ć£o, e a cada nova entrevista de emprego, minhas tatuagens jĆ” causavam uma mĆ” impressĆ£o. Olhares preconceituosos, reprovaĆ§Ć£o! Eles fingiam que diziam a verdade e eu fingia que acreditava numa possĆvel ligaĆ§Ć£o.
Me recordo que num desses dias de extrema agonia, entrei num baĆŗ super lotado, livro aberto, mente vazia, o coraĆ§Ć£o bastante amargurado e na minha leitura eu tentava me manter concentrado, mas percebi que os olhares pra minha pessoa estavam voltados. Todos ali nos seus smartphones conectados e ao mesmo tempo sem nenhuma conexĆ£o, eu acabei causando estranheza, sabe, mas nem me importei, desse episĆ³dio eu tirei uma importante liĆ§Ć£o.
Em marƧo de 2016 foi minha primeira oportunidade de contar um pouco da minha histĆ³ria de vida para os estudantes do colĆ©gio Estadual do Novo Gama, e eu nem sabia exatamente por onde comeƧar, mas quando o silĆŖncio naquela sala lotada se fez presente, eu entendi que minha missĆ£o era palestrar. Sei lĆ”, Ć© atĆ© difĆcil explicar!
E como se nĆ£o bastasse, alĆ©m de ser nossa identidade, nossa personalidade, o Rap ainda tem o poder de resistir e formar verdadeiras amizades. Me acompanhou atĆ© quando eu estava atrĆ”s das grades, o Rap moldou o meu carĆ”ter e me mostrou uma pĆ” de verdades.
Escrever um livro e sair por aĆ palestrando, tentando conscientizar os manos, nĆ£o Ć© pra me redimir da sociedade. Ć por acreditar que somos todos capazes de vencer o sistema com livros, cadernos e canetas, e nĆ£o sendo torturados e humilhados no fundo de uma cela escura por um Adolf Hitler de farda preta.
Depois que eu saĆ da cadeia, eu tambĆ©m reclamava bastante da falta de oportunidades e se eu fosse esperar alguma ajuda da sociedade, nem sei o que seria desse pai aqui, talvez pra cadeia jĆ” teria atĆ© voltado, e pra Catharina eu seria uma triste lembranƧa e uma enorme saudade.
Nunca deixe nenhuma ideia boa morrer, pois se vocĆŖ deixar isso acontecer, serĆ” sepultado tambĆ©m um sonho, num Ćŗnico tĆŗmulo, fundo, escuro, cheio de ideias e sonhos, entĆ£o, se for pra virar umas madrugadas estudando, que teu mĆ©rito seja porque tu correu atrĆ”s e fez por merecer. Siga caminhando!
Por Emerson Franco.