Educação

Escolas do campo do NĂșcleo Bandeirante celebram projetos de destaque

Unidades escolares comemoraram o Dia do Campo 2025 com formação, cultura e integração

 

Em comemoração ao Dia do Campo, celebrado no mĂȘs de abril, as escolas do campo da Coordenação Regional de Ensino (CRE) do NĂșcleo Bandeirante realizaram, na Ășltima semana, um evento para celebrar os projetos de destaques de cinco unidades escolares da ĂĄrea rural da regiĂŁo: Escola Classe (EC) Riacho Fundo, EC Agrovila, EC IpĂȘ, EC Kanegae e Centro Educacional (CED) Agrourbano IpĂȘ.

Escolas comemoraram o Dia do Campo destacando o aprendizado da vida rural | Foto: Bruno Grossi/SEEDF

Com atividades ao longo da manhĂŁ e da tarde, a programação integrou formação pedagĂłgica, apresentaçÔes culturais e troca de experiĂȘncias entre profissionais da educação rural. “Nosso principal objetivo Ă© mostrar para a criança a valorização do campo, da natureza e como tirar os recursos dela com respeito e cuidado”, afirmou a diretora da EC Riacho Fundo, Etyenne de Souto.

A escola promove o empreendedorismo sustentĂĄvel, com os alunos produzindo itens a partir dos recursos naturais locais, como repelentes, sabonetes e velas, vendidos a preços simbĂłlicos. AlĂ©m de promover a troca de experiĂȘncias entre os profissionais, o evento busca conectar as crianças do meio urbano Ă s realidades e riquezas do campo. “O que a gente mostra Ă© que aquilo que elas fazem lĂĄ, como jogar um papel no chĂŁo, acaba atingindo a natureza aqui, nĂŁo tĂŁo distante”, explicou a diretora.

Os projetos da escola também contemplam atividades voltadas para estudantes com transtorno do espectro autista (TEA), por meio de aulas de culinåria que utilizam ingredientes colhidos na horta da escola. Entre as produçÔes, estão em destaque o bolo de capim-santo e a geleia de amora feita com frutas colhidas no próprio quintal da unidade.

Com atividades realizadas em meio Ă  natureza, os alunos participaram de todas as etapas do processo. “Eles tiveram contato direto com a natureza, colheram a amora no pĂ©, experimentaram e produziram a geleia — ver esse resultado foi delicioso para eles, tanto pelo paladar quanto pela vivĂȘncia”, descreveu a professora Gabrielly Oliveira, que atua com turmas da classe especial TEA.

Socialização

Toda sexta-feira, as classes especiais da escola se reĂșnem para preparar uma receita, criando um momento coletivo e acolhedor entre estudantes com diferentes necessidades educacionais. “Esse projeto contribui para o desenvolvimento socioemocional e para a socialização, alĂ©m de ajudar na seletividade alimentar, porque eles mesmos produzem os alimentos e depois experimentam o que fizeram com as prĂłprias mĂŁos”, explicou Gabrielly

Formação e memória

InstituĂ­do pela portaria nÂș 419/2018 da Secretaria de Educação (SEEDF), o Dia do Campo Ă© uma polĂ­tica pĂșblica voltada Ă  valorização da educação do trabalho pedagĂłgico nas escolas rurais, fortalecendo os princĂ­pios e matrizes que orientam essa modalidade de ensino. AlĂ©m disso, o encontro amplia os espaços de formação continuada para docentes e promove o diĂĄlogo regionalizado entre as unidades escolares.

A diretora do CED Vargem Bonita, Renata Cardoso, falou sobre os projetos mais recentes desenvolvidos em sua região. A escola estå inserida em uma årea de camponeses, onde hå muitas chåcaras, e os alunos vivem essa realidade no dia a dia. A comunidade escolar é composta majoritariamente por descendentes de imigrantes japoneses que formaram uma das primeiras colÎnias agrícolas do DF, o que reforça os vínculos com a terra e o cultivo.

Renata destacou a implantação de um sistema de agrofloresta, que alia reflorestamento e produção de alimentos de forma sustentĂĄvel, com participação dos estudantes. “HĂĄ cerca de dois anos começamos a agrofloresta na escola, e os alunos participam do plantio Ă  colheita — contribuindo inclusive com a merenda escolar”, contou. Segundo ela, todas as açÔes pedagĂłgicas estĂŁo voltadas ao fortalecimento da sustentabilidade como prĂĄtica educativa.

Valorização do campo

O Dia do Campo se consolidou como espaço de integração, pertencimento e valorização da identidade do campo nas prĂĄticas escolares. “É um momento de partilha entre educadores e estudantes que vivem realidades especĂ­ficas, mas igualmente ricas em saberes e experiĂȘncias que fortalecem a educação pĂșblica no campo”, afirmou Simone Soares, gerente de Atenção Ă  Educação do Campo da SEEDF.

A gestora explicou que a Educação do Campo Ă© uma modalidade de ensino instituĂ­da na legislação nacional desde 2003. Ela nasce a partir das demandas da população que vive nas zonas rurais do Brasil e que reivindica uma educação prĂłpria, que leve em conta os povos que vivem a partir do trabalho com a terra. “As escolas do campo sĂŁo referĂȘncias em seus territĂłrios, e a relação prĂłxima com a comunidade local gera o contexto do trabalho pedagĂłgico”, pontuou Simone.

 

Por AgĂȘncia BrasĂ­lia, com informaçÔes da Secretaria de Educação | Edição: Chico Neto