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Projeto educativo orienta homens envolvidos em violĂȘncia domĂ©stica

Grupos desenvolvem atividades sobre direitos e prevenção e promoção de saĂșde mental com perspectiva de gĂȘnero

 

Mais de 400 homens envolvidos em situação de violĂȘncia domĂ©stica jĂĄ foram atendidos, desde 2019, pelo projeto RenovAÇÃO Homens, da Defensoria PĂșblica do Distrito Federal (DPDF). O grupo, que integra os projetos sociais da DPDF voltados Ă  comunidade, tem carĂĄter reflexivo e estĂĄ previsto na Lei Maria da Penha para homens autores de violĂȘncia domĂ©stica, sendo coordenado e desenvolvido pela Subsecretaria de Atividade Psicossocial (Suap) da DPDF.

Grupos participam de diversas atividades que reforçam consciĂȘncia de responsabilidade | Foto: Geovana Albuquerque/AgĂȘncia BrasĂ­lia

As atividades permitem que homens envolvidos na violĂȘncia de gĂȘnero aprendam a reconhecer a responsabilização sobre seus atos, evitando a criminalidade familiar. Os autores envolvidos em situação de violĂȘncia domĂ©stica sĂŁo encaminhados pelos nĂșcleos judiciĂĄrios da mulher com a parceria das circunscriçÔes da defensoria de Taguatinga, Sobradinho, Riacho Fundo, Recanto das Emas e Santa Maria.

“Incluir homens envolvidos em situação de violĂȘncia domĂ©stica na solução do problema Ă© essencial”Roberta de Ávila, subsecretĂĄria de Atividade Psicossocial da DPDF

ConsciĂȘncia de gĂȘnero

“Os grupos devem ser parte de uma abordagem interdisciplinar e educação para atingir efetivamente seus objetivos”, afirma o defensor pĂșblico-geral, Celestino Chupel. “O projeto RenovAÇÃO Homens possibilita a reflexĂŁo dos comportamentos violentos em atitudes construtivas, contribuindo para uma sociedade mais segura e igualitĂĄria, desempenhando um papel crucial e eficaz para enfrentar a violĂȘncia contra as mulheres.”

Titular da Subsecretaria de Atividade Psicossocial (Suap), a psicĂłloga Roberta de Ávila explica que o propĂłsito do projeto Ă© promover uma consciĂȘncia de gĂȘnero que funcione como fator de proteção para a saĂșde mental, com novas formas de se relacionar, de pensar e estar no mundo.

“O programa visa, para alĂ©m da responsabilização, alcançar uma perspectiva de gĂȘnero, constituindo uma importante polĂ­tica afirmativa da defensoria para o combate e enfrentamento da violĂȘncia domĂ©stica e intrafamiliar”, ressalta. “Incluir homens envolvidos em situação de violĂȘncia domĂ©stica na solução do problema Ă© essencial.”

Para F.S.G.S, que participou do projeto RenovAÇÃO Homens, o aprendizado adquirido trouxe mudanças significativas de em sua vida. “Pude me tornar mais consciente das minhas açÔes e busco agir de forma mais respeitosa e igualitĂĄria em relação Ă s mulheres”, relata. “Reconhecer os meus erros, manter o controle emocional em condiçÔes adversas, saber a importĂąncia do diĂĄlogo e o quanto ele Ă© fundamental na solução dos problemas fez grande diferença na minha vida”.

ViolĂȘncia contra a mulher

A violĂȘncia contra as mulheres se manifesta de diversas formas. A Convenção de BelĂ©m do ParĂĄ de 1994 define esse conceito como “qualquer ação ou conduta, baseada no gĂȘnero, que cause morte, dano ou sofrimento fĂ­sico, sexual ou psicolĂłgico Ă  mulher, tanto no Ăąmbito pĂșblico quanto no privado”.

Grande parte das violĂȘncias cometidas contra as mulheres Ă© praticada no Ăąmbito privado. Alguns dos principais tipos de crimes contra a mulher ocorrem dentro do lar, praticados por pessoas prĂłximas, como maridos/esposas ou companheiros/as, envolvendo agressĂ”es verbais e fĂ­sicas.

Em 2022, o Brasil bateu recorde de feminicĂ­dios. Segundo o Monitor da ViolĂȘncia, foram 1,4 mil assassinatos. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Segurança PĂșblica do DF (SSP), em 2023 o DF jĂĄ soma 27 casos de feminicĂ­dio. Esses nĂșmeros superam em quase 50% os episĂłdios do ano passado, quando ocorreram 17 casos. Do total desses crimes, 66% aconteceram no interior das residĂȘncias e 25% em ruas, praças e estacionamentos.

Cerca de 77% das vĂ­timas sofreram violĂȘncia antes de o feminicĂ­dio acontecer e 51% delas nĂŁo registraram ocorrĂȘncia contra o autor. A regiĂŁo de BrasĂ­lia com mais casos Ă© CeilĂąndia, com um total de seis casos registrados neste ano.

*Com informaçÔes da Defensoria PĂșblica do DFÂ