Criostatos possibilitam a obtenção de laudos de biópsia em menos de uma hora e começam a ser usados neste mês no Hmib e nos hospitais regionais de Sobradinho, Taguatinga, Ceilândia, Gama e Asa Norte
A Secretaria de Saúde (SES-DF) estreia neste mês a operação de seis criostatos na rede. Os aparelhos darão maior precisão às cirurgias oncológicas realizadas no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) e nos hospitais regionais de Sobradinho (HRS), Taguatinga (HRT), Ceilândia (HRC), Gama (HRG) e Asa Norte (Hran). O investimento total é de R$ 762 mil.
O criostato possibilita a obtenção de laudos de biópsia em menos de uma hora, com a análise dos tecidos ainda durante a cirurgia, aprimorando a conduta da equipe médica em tempo real. “Isso nos permite ampliar ou preservar tecidos e, assim, diminuir a chance de doença persistente com consequente recaída”, explica o cirurgião oncológico Amario Barros, servidor da SES-DF.
Em alguns casos, o uso do aparelho vai alterar totalmente os procedimentos. “No tumor de ovário, por exemplo, não é realizada biópsia prévia. No criostato, com a biópsia de congelamento, é possível detectar se o tumor é maligno. Assim, pode ser realizada a operação definitiva no mesmo ato cirúrgico, sem necessidade de reinternação para uma nova, como ocorria antes”, detalha o médico.
O criostato permite um congelamento rápido de amostras de tecido, alcançando temperaturas de até 60 graus negativos, tornando mais ágil a análise. Em procedimentos tradicionais a biópsia é realizada em prazos maiores. Com o laudo rápido, diminuem também as chances de o paciente precisar de outras cirurgias.
“Uma das cirurgias mais comuns com uso do criostato é a de câncer de mama, quando é feita a avaliação do linfonodo. Dependendo do laudo, muda completamente a conduta do tratamento, inclusive da quimioterapia”, exemplifica o patologista Emanuel Adelino, lotado no HRT.
Dentro da unidade de Taguatinga já são realizadas 700 análises mensais, em prazos de até 30 dias. Com o criostato, o hospital passará a dedicar um patologista e um técnico para atender rapidamente os pedidos durante as cirurgias. “Na hora em que disponibilizar o tecido, temos que ter um médico e um técnico para atuarem no aparelho”, explica a chefe do Núcleo de Citopatologia e Anatomia do HRT, Michele Bezerra.
Para o manejo do criostato, o setor do HRT passou por adequações, com uma sala dedicada ao aparelho e melhorias na parte elétrica. Também foi construída uma janela interna que leva diretamente ao centro cirúrgico, de forma a agilizar ao máximo o processo de coleta e análise dos tecidos.