Programa oferece curso profissionalizante e bolsa-benefício aos participantes, que aplicam conhecimentos na recuperação de espaços públicos
Alunos do programa RenovaDF estão realizando trabalhos de manutenção na Praça do Buriti. Os reparos começaram no último dia 3 e devem durar duas semanas. Entre os serviços, estão a pintura de bancos e das duas fontes.
A ação conta com 20 alunos dos 1,5 mil selecionados para o segundo ciclo do RenovaDF, que teve início em 25 de junho. Uma delas é a venezuelana Adriana Espinoza, 23. Ela deixou a terra natal em 2020 em busca de uma vida melhor. Os primeiros anos no Brasil, porém, não foram fáceis – até que uma amiga a apresentou ao programa do Governo do Distrito Federal (GDF).
“Não tem aquela rejeição de ‘você não sabe falar direito, não sabe fazer as coisas direito’; ele [o programa] te acolhe por completo, é um movimento muito legal”, afirma a jovem, que quer retomar o curso de direito. “Quero uma oportunidade de estudo e no mercado de trabalho – o que, para mim, nesses quatro anos, tem sido muito difícil.”
Oportunidade
O RenovaDF oferece aos participantes um curso de iniciação profissional aplicado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com noções básicas na área da construção civil. Paralelamente às aulas teóricas, os alunos aplicam seus conhecimentos na prática, recuperando espaços públicos da cidade, como praças, parques, quadras poliesportivas e campos sintéticos.
Os inscritos recebem uniforme, equipamento de proteção individual (EPIs), lanche, auxílio-transporte, seguro contra acidentes pessoais e uma bolsa-benefício no valor de um salário mínimo. Ao fim do ciclo – que tem duração de 240 horas distribuídas ao longo de três meses –, os alunos recebem um certificado de Auxiliar de Manutenção da Construção Civil pelo Senai.
“É uma oportunidade boa”, avalia Mirele Aparecida, 35, que também participa dos trabalhos na Praça do Buriti. “Além de sair com o aprendizado, ainda pagam a bolsa, que é o que ajuda mais, dá mais força para a gente estar aqui. Às vezes, para a gente trabalhar e fazer um esforço de qualificação, é muito complicado. Ainda mais quem tem casa, filho pequeno, neto… A gente não consegue se não tiver um apoio. Então, o RenovaDF é como se fosse a chave de ouro. Ele te ajuda a qualificar e ainda ajuda no financeiro.” Mirele concilia as atividades do RenovaDF com o curso de auxiliar de enfermagem. “Se eu não conseguir trabalhar na área de enfermagem, eu não fico desempregada”, antevê.
Recompensa
O RenovaDF é pensado também para atender pessoas vulneráveis. Tanto que, das 1,5 mil vagas do segundo ciclo, 300 foram destinadas à população em situação de rua. A possibilidade de dar uma nova perspectiva a essas pessoas chama a atenção do instrutor Flávio Porto, que orienta os trabalhos na Praça do Buriti.
“A importância [do programa] é muito grande, tanto social quanto profissional, porque a gente pega um público muito diverso, e é onde a gente pode conhecer histórias, dar apoio educacional e psicológico para os alunos… isso também é de suma importância para a gente”, enfatiza. Sua colega, a instrutora Janaína Moureira, reforça: “Eu amo isso – os alunos no dia a dia, aprendendo com a gente, deixando os espaços bonitos. É muito gratificante”.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda do DF, Thales Mendes, ressalta: “Grande parte dessas pessoas, ao terminar o curso, vai entrar no banco de intermediação de trabalho para a gente começar a oferecê-las para o mercado. É assim que eles ganham a oportunidade de uma nova profissão, um momento diferente da vida de cada um para que eles possam, de fato, ocupar as vagas que estão surgindo aí no mercado da construção civil”.
A praça
Localizada no Eixo Monumental, a Praça do Buriti é o equivalente distrital à Praça dos Três Poderes. Ao redor dela estão as sedes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário do DF. O endereço, de 47 mil m², tem bancos, jardins e dois espelhos-d’água com fontes. No centro, destaca-se um patrimônio público e cultural da capital: o Buriti, que dá nome à praça e ao palácio-sede do GDF.
Inaugurado em 1969, o local sobreviveu a anos de abandono e ficou cerca de uma década sem grandes reformas, com a fonte luminosa apagada. Nesta gestão, a fonte e os chafarizes voltaram a iluminar o centro da cidade. Além disso, o paisagismo é constantemente renovado pela Novacap, responsável pela obra de cerca de R$ 2 milhões que fez a praça renascer.
Por Fernando Jordão, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto