Por ser o mais antigo evento do gênero no Brasil ajudou, entre outras coisas, na criação da identidade cinematográfica brasileira
A relevância histórica e legado cultural do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) são inegáveis tanto para o país, quanto para o fortalecimento do cinema nacional.
Por ser o mais antigo evento do gênero no Brasil ajudou, entre outras coisas, na criação da identidade cinematográfica brasileira, e na formação de um público que, nas palavras do diretor Vladimir Carvalho, estava “em luta tenaz contra o velho colonialismo cultural representado pelo filme estrangeiro”.
Com inscrições abertas até 10 de novembro, o FBCB segue sua continuidade na 53ª edição, que acontece de 15 a 20 de dezembro, com exibição no Canal Brasil e streaming Play Brasil.
Em apenas quatro dias de inscrições abertas, 216 obras foram cadastradas para a seleção das mostras Competitiva e Brasília.
Que o diga o cineasta Cacá Diegues, 80 anos, um dos fundadores da corrente insurgida no final dos anos de 1950. Entre seus integrantes, estão nomes de peso como Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Ruy Guerra, Leon Hirszman, Arnaldo Jabor, Roberto Santos e Paulo César Saraceni.
“O Festival foi uma luz no cinema brasileiro porque nossos filmes não eram respeitados. Daí o Paulo Emílio Salles cria esse espaço e Brasília vira um centro de encontro dos principais realizadores do país. O início do Festival de Brasília é o início do Cinema Novo. Meu amor pelo evento é imortal”, frisa o imortal da Academia de Letras.
Diegues participou pela primeira vez do evento, em 1966, com o drama urbano “A Grande Cidade”. “O Paulo Emílio foi uma espécie de tutor do Cinema Novo, ajudou não só a projetar, como a inventar o movimento”, constata o diretor consagrado no evento, dez anos depois.
Naquele ano de 1976, no auge da ditadura militar, com o polêmico “Xica da Silva”, Cacá Diegues conquistaria os candangos de Melhor Filme e Diretor, enquanto que a protagonista da película, Zezé Motta, o prêmio de Melhor Atriz.
“Era a primeira exibição pública do filme no Brasil, não sabíamos como o filme seria recebido”, lembra o cineasta. “Foi muito aplaudido, uma consagração, nunca vou esquecer a agitação no final da sessão, no Cine Brasília, com as pessoas caindo em cima da Zezé Motta, foi muito bonito, uma noite maravilhosa”, lembra-se Diegues.
Com informações da Secretaria de Cultura