São cinco subcontroladoras e três chefes de assessorias do total das 12 funções mais altas do órgão
46% dos servidores da CGDF são mulheres
Na contramão das estatísticas nacionais, a Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF) poderá celebrar o Dia Internacional da Mulher dando exemplo de inclusão. O órgão possui 66,6% dos cargos mais altos – subcontroladorias e chefias de assessorias – ocupados por mulheres. No total, são cinco subcontroladoras e três chefes de assessorias.
Elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a pesquisa Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil mostrou que as mulheres ocupam apenas 37,4% dos cargos gerenciais. Na CGDF, esse número é quase o dobro, se comparado ao percentual do país.
Quando se trata de cargos políticos, o número é ainda mais discrepante. As mulheres são apenas duas entre os 22 ministros. Entre os vereadores eleitos em 2020, apenas 16% são mulheres; entre os deputados federais, apenas 14,8%.
“A CGDF busca sempre ser um órgão que é exemplo para os demais do Distrito Federal em diversos aspectos, como transparência do governo”. Paulo Martins, controlador-geral do DF
Já no serviço público federal, elas representam quase 59% dos funcionários públicos brasileiros, de acordo com dados do Atlas do Estado Brasileiro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No entanto, levantamento da República.ORG, com base nas informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) 2018, aponta que as mulheres não estão entre as faixas salariais mais altas, por dificuldade de acesso aos cargos do alto escalão, isto é, que pagam melhor. A pesquisa do IBGE comprova isso. Em 2019, as mulheres receberam 77,7% ou pouco mais de ¾ do rendimento dos homens.
A CGDF preza pela paridade dos salários. As subcontroladoras e as chefes de assessorias ganham valores iguais àqueles pagos aos homens que ocupam os mesmos cargos. “A CGDF busca sempre ser um órgão que é exemplo para os demais do Distrito Federal em diversos aspectos, como transparência do governo”, destaca o controlador-geral do DF, Paulo Martins. “No quesito igualdade de gênero, procuramos reconhecer nossas profissionais, que são excelentes, eficientes e muito competentes, e temos feito o que sempre se deve fazer: dar oportunidade a profissionais que agregam à instituição, independentemente do gênero”.
No total de cargos ocupados de chefia, direção e assessoramento no órgão, o número também é maior que a estatística brasileira. Dos 180 cargos, 43,3% são ocupados por mulheres. Entre os cargos efetivos, em um total de 240, 45,8% são mulheres. No quadro geral, dos 278 servidores da CGDF, 46% são mulheres.
Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher remete à luta pela igualdade de direitos civis entre mulheres na sociedade. O direito ao voto, por exemplo, é uma conquista das mulheres ao longo dos anos em muitos países, além do acesso à educação e à liberdade. Atualmente, no Brasil, a luta está voltada especialmente à equidade no mercado de trabalho – salários iguais para as mesmas funções desempenhadas por homens e mulheres e garantia de direitos trabalhistas na realidade.
Abaixo, veja o que pensam as subcontroladoras e chefes de assessoria da CGDF sobre os cargos que ocupam.
Carina Ohara, chefe da Assessoria de Gestão de Estratégica e Projetos
“Estar como gestora na CGDF é ter a oportunidade de poder contribuir para o desenvolvimento da equipe, promover um ambiente mais participativo e buscar soluções em conjunto. Na CGDF, independentemente de gênero, há um ambiente de respeito ao corpo técnico.”
Cecília Fonseca, ouvidora-geral interina e chefe da Assessoria de Relações Institucionais
“Os caminhos trilhados na minha carreira profissional não foram fáceis. Estudo continuamente e procuro ter uma postura firme e propositiva para ter reconhecimento e galgar crescimento profissional. Hoje sinto muito orgulho de ter alcançado um posto de liderança, não pelo status, não pelo glamour, mas pela força interior que isso representa para mim. Ensino a cada dia para minha filha que a mulher tem que estudar e se cuidar fisicamente; somos um equilíbrio entre emoção e razão. Às vezes a razão falha, mas aí não tem problema; o importante é ter conquistado o seu espaço e se permitir expressar um choro digno e legítimo perante a caminhada percorrida.”
Ismara Roza, subcontroladora de Correição Administrativa
“Ser gestora traz uma responsabilidade muito grande, demanda comprometimento, ética, liderança e trabalho em equipe. Já fui gestora em outras oportunidades e trago as experiências vividas para a CGDF. É desafiador, mas muito importante para mim. Assumi a gestão na Sucor [Subcontroladoria de Correição] há pouco tempo e fui muito bem-recebida. Isso aumenta ainda mais minha preocupação com o clima organizacional. É muito importante dar condições de trabalho para que a equipe se mantenha motivada e engajada em nossa missão. Tenho por objetivo alcançar resultados excepcionais. É uma honra estar à frente da Subcontroladoria de Correição Administrativa da CGDF. É preciso amar aquilo que se faz e se dedicar integralmente, e isso move a minha vida.”
Josemary Dantas, subcontroladora de Gestão Interna
“Estar como gestora é ter lugar e espaço em relação ao trabalho no serviço público sem ter a diferença de salário, como acontece na iniciativa privada. Esse é um grande diferencial do serviço público que propõe a equidade salarial. Além disso, é uma realização profissional. Me sinto gratificada sendo reconhecida com um cargo na CGDF e, especialmente, nesse órgão que consegue produzir frutos, que coloca em prática os projetos e leva tudo a sério. Ser líder é maravilhoso; adoro trabalhar com pessoas, resolver os conflitos, tudo é muito gratificante. Tem sido realizador ser mulher, servidora pública, poder me colocar como profissional e poder me colocar nas questões da Controladoria. Tenho gratidão com relação à confiança de estar nesse cargo de gestão. Adoro trabalhar com minha equipe e sem ela eu não sou nada. Tenho muita honra de ser reconhecida na CGDF.”
Joyce de Oliveira, subcontroladora de Governança e Compliance
“Estar em um cargo de gestão na CGDF é uma mistura de sentimentos: desafiador, reconhecimento, alegria, trabalho árduo, encantamento, ser exemplo, acreditar na instituição e tantos outros. Infelizmente, é comum olharmos para as instituições (públicas e privadas) e nas cadeiras diretoras avistarmos apenas engravatados, pois as mulheres estão em segundo plano. No entanto, ver que estamos ocupando, pouco a pouco, as cadeiras de gestores e saber que estou fazendo parte desse novo cenário é maravilhoso, é um sentimento que falta até palavras para expressar. Ao mesmo tempo que sou muito feliz por estar gestora, sei da responsabilidade que tenho, e todo dia relembro que faço parte de um time de mulheres ‘porretas’ que fazem o seu melhor para fortalecer a instituição que estão à frente. São exemplos, e, com um toque feminino que só nós temos, transformamos o trabalho muito mais harmonioso e produtivo.”
Rejane de Abreu, subcontroladora de Transparência e Controle Social
“Ocupar um cargo de gestão contribui para estabelecer a igualdade de gênero na Controladoria-Geral, assim como para a igualdade na sociedade, além de ser uma forma de representatividade, fazendo com que outras mulheres enxerguem a possibilidade de também ser gestoras, motivando-se a crescer em suas carreiras. Além disso, a construção de um ambiente de trabalho mais igualitário, com uma cultura mais inclusiva, aumenta o engajamento dos servidores e fortalece a imagem institucional. A CGDF é uma instituição que tem implementado práticas e ações que buscam essa igualdade, ajudando a construir um mercado de trabalho mais equilibrado.”
Lanier Rosa, chefe da Assessoria de Comunicação
“Assumir esse cargo de gestão da Ascom da Controladoria-Geral do DF é, ao mesmo tempo, um desafio e uma grande honra. Como mulher, fico ainda mais feliz de ser tratada como a profissional que sou e ter grandes parceiros e parceiras admiráveis tornando o trabalho possível. O compromisso do time da CGDF é com as entregas para a sociedade. Nesta data tão importante que é o Dia da Mulher, percebo grandes mudanças no mercado. Ainda há muito a mudar, mas posso dizer que o serviço público, e em especial a CGDF, estão em um ótimo caminho.”
Michelle Heringer, chefe da Assessoria de Apoio aos Julgamentos
“A importância de estar em um cargo de gestão é poder dar continuidade aos projetos que venham a fortalecer cada vez mais os servidores e a instituição, além de termos a oportunidade de melhorar a prestação dos serviços públicos. Ser gestora na CGDF e no GDF é um grande desafio, sendo uma grande oportunidade de crescimento profissional e também como ser humano. Toda mulher que se dedica ao trabalho e à família tem um desafio ainda maior. Mas ser mulher nunca me impediu de assumir responsabilidades, nem tampouco de cumpri-las da melhor forma possível.”