Cidadania

Programas do GDF fomentam agricultura e promovem segurança alimentar

Iniciativas sociais como o Banco de Alimentos e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) ligam a produção do campo à mesa de milhares de brasilienses

Cerca de 80 carinhas empolgadas esperam ansiosamente o almoço chegar, em um pratinho repleto de arroz, feijão, carne e salada, com legumes e hortaliças fresquinhas vindas do Banco de Alimentos do Distrito Federal.

As crianças, entre 2 e 5 anos, são do Instituto Doando Vida, um projeto que atende a comunidade em situação de vulnerabilidade da Chácara Santa Luzia, na Estrutural. De segunda a sexta, entre 7h e 17h, são feitas cinco refeições por dia alimentando 100 pessoas – 80 crianças e 20 funcionários.

É uma média de 500 refeições por dia, sem contar os sábados, quando há atividades para crianças um pouco maiores, como balé, judô. A instituição é uma entre muitas que recebem mantimentos das Centrais de Abastecimento (Ceasa-DF), que fornecem para as entidades assistenciais sem fins lucrativos.

“Muitas delas chegam aqui com baixo peso e um estado nutricional bem deficiente. O aprendizado é dificultado, o equilíbrio, a socialização… Sem comida, tudo fica difícil. Então, esses produtos que vêm do banco de alimentos é essencial. Sem ele, a gente não tem como colocar comida na mesa dessas crianças”, explica Luciana Andrade, vice-presidente do Instituto.

O Banco de Alimentos é um dos principais locais de distribuição de vegetais do Distrito Federal. O total aproveitado em 2023, entre 1º janeiro e a primeira quinzena de agosto, foi de quase 84 toneladas hortifrutis, beneficiando 108 instituições e alcançando um público de aproximadamente 30 mil atendidos.

Nas segundas e quintas-feiras, os produtores já sabem que é hora de doação. O repasse desses alimentos é basicamente para as famílias em situação de vulnerabilidade no DF.

“Vivemos um momento ainda pós pandemia, com necessidade de uma alimentação mais nutritiva para contemplar todas as famílias. Diante disso, o banco tem um papel fundamental”, reforçou Miro Gomes, diretor de segurança alimentar e nutricional do banco de alimentos da Ceasa.

Sem desperdício

Miro Gomes, diretor do Banco de Alimentos da Ceasa, lembra do Programa Desperdício Zero (PDZ), onde os produtos que não estão em condição de serem comercializados são doados pelos produtores e comerciantes da Ceasa ou de outros locais para serem aproveitados.

As doações passam por uma pré-seleção, com uma nutricionista que avalia se estão em condições de consumo. Em seguida, as instituições são convocadas para retirar o alimento no banco.

Na parte da tarde, as instituições cadastradas vão ao Banco de Alimentos para buscar os mantimentos e distribuírem às famílias, entregarem refeições ou cestas de vegetais. São compras de produtos sazonais com muitas folhagens, frutas e legumes da época.

E, para continuar o combate à insegurança alimentar, nas próprias instituições também há a preocupação com o desperdício. De acordo com Luciana Andrade, do Instituto Doando Vidas, o que não é utilizado é entregue a famílias em situação de vulnerabilidade da região.

“Se a gente sabe que um alimento não vai ter durabilidade pra gente segurar aqui, a gente doa para as famílias. Porque nas famílias há outras crianças que não são dessa idade entre 2 e 5 anos, mas são crianças. E tem os pais, os idosos. Então, a gente faz essa cadeia e assim vai conseguindo aos pouquinhos melhorar a vida de cada um”, conta Luciana.

Produção

Um outro lado importante do fornecimento de mantimentos é realizado por meio de programas do Governo do Distrito Federal GDF), como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que abrange cerca de 240 entidades sociais que atendem a mais de 40 mil pessoas diretamente; o Programa de Aquisição da Produção da Agricultura (PAPA-DF), que tem em torno de 648 agricultores familiares cadastrados para compras governamentais; e, ainda, o Programa Doação Simultânea.

O PAA, por exemplo, faz o repasse do dinheiro, que vem de recurso federal, para execução dos programas usados pela Secretaria de Agricultura e pela Empresa de Assistência Técnica Rural (Emater). Elas selecionam os produtores rurais e agricultores familiares para as compras governamentais, que geram cerca de dez toneladas de alimentos na Ceasa-DF por semana.

Maria do Carmo Souza Pereira, de 67 anos, é uma dessas selecionadas. A agricultora familiar é de Sobradinho, do assentamento Chapadinha, e chega a fornecer entre 500 e 800 quilos semanais para o Banco de Alimentos, entre morango, rabanete, cenoura, beterraba, couve, coentro e repolho.

Dona Maria acorda cedo todas as manhãs, às 6h para cuidar de sua roça. Fim de semana de feira, mais cedo ainda, às duas da manhã. Mesmo com a muleta, trabalha. “O que eu vendo aqui vai para a mesa de quem precisa e para a minha também. E nada se perde. Quando não vai pro PAA, vai pro PNAE ou pro PAPA-DF”, afirma a agricultora.

Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno