Márcia Ferreira defendeu o ritmo e levou a música brasileira para o mundo
Quem tem mais de 30 anos, com certeza, tem alguma lembrança do sucesso da década de 90 Chorando Se Foi, da cantora Márcia Ferreira. Sim, tudo começou com ela e não com a banda Kaoma, como muitos pensam. Em 1986, ela escreveu a versão em português da música boliviana “Llorando Se Fue” (Ulisses Hermosa e Gonzalo Hermosa) para o ritmo brasileiro de lambada. O sucesso foi imenso e lhe rendeu disco de ouro.
A música e a comunicação estão no sangue dela. O pai radialista abriu o caminho para o mundo do rádio e o talento de Márcia fez o resto. “Meu pai me levava para o estúdio, incentivava a minha vontade de cantar e permitia que eu cantasse em serestas”, relembra.
Em 1976, a família mudou-se para Brasília e o ambiente sisudo da capital recém-povoada fez o sonho dos palcos adormecer. Aqui, Márcia iniciou a carreira como comunicadora. Seu programa na Rádio Nacional da Amazônia, com programação especialmente pensada para a população da Amazônia Legal, rendeu-lhe a fama como a voz da rádio. Todos queriam conhecer a mulher que levava informação e entretenimento aos cantos mais remotos do norte do País. Ela recebeu várias condecorações de estado, no Acre e em Tocantins. Também recebeu homenagens oficiais da cidade de Parintins, no Amazonas.
A música sempre esteve ali, pertinho dos sonhos dela, até que a carreira no rádio e na televisão a colocaram de novo nos palcos. Em 1983, Márcia Ferreira gravou seu primeiro disco, um LP pela gravadora Continental.
O escândalo da lambada francesa
O sucesso “Chorando Se Foi” nasceu em uma das suas apresentações na cidade de Tabatinga, no Amazonas, fronteira do Brasil com a Colômbia, em 1985. “Eu e a minha banda ouvimos a canção “Lhorando Se Fue” quando eu estava preparando o repertório do meu terceiro LP. Eu me apaixonei e escrevi a versão no nosso idioma. A produtora queria o forró como estilo para a versão, mas eu insisti na lambada e foi um sucesso”, conta emocionada.
Em 1990, os produtores franceses Olivier Lorsac e Jean Karacos lançaram o grupo Kaoma, cuja música de trabalho era a lambada, registrada por Oliver como sua. “Eles roubaram a minha música; não foi plágio, foi roubo, porque eles copiaram a música do início ao fim e ainda a registraram em nome deles”, conta. Márcia precisou lutar na justiça francesa para recobrar os direitos autorais da letra em 1991.
Com lágrimas nos olhos, ela se orgulha da sua trajetória na música e no rádio. “Eu levei cultura para locais esquecidos do Brasil. Sinto-me honrada por ter levado a cultura brasileira para o mundo”.
Atualmente, Márcia faz shows em eventos e ocasiões especiais. A carreira no rádio continua bem, obrigada. Sua voz é distribuída pela Rádio Estúdio Brasil para mais de 400 emissoras de todo o Brasil.
Por Duane dos Reis