Curso durou 32 dias e formou sete policiais K9, com simulações de atendimento pré-hospitalar em combate e operações de detecção com cães em presídios e rodovias
A primeira turma do curso de operações com cães da Academia de Polícia Penal do DF se formou nesta quinta-feira (13), no programa desenvolvido para capacitar forças militares e policiais a atuarem em ações táticas com emprego de cães. A capacitação foi do dia 10 de maio a 12 de junho, começando com 15 alunos e finalizando com sete operadores K9.
Entre os formandos estão policiais penais de várias unidades prisionais do DF e um do Paraná, além de fuzileiros navais da Marinha do Brasil e agentes da Polícia Civil do DF. A formatura ocorreu no estacionamento externo da Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE), no Complexo Penitenciário da Papuda.
“É uma formatura muito importante, a gente está especializando nosso policial e aumentando nossa capacidade operacional nessa modalidade. Com um efetivo menor e o emprego dos cães, conseguimos fazer uma revista muito mais efetiva em todas as instalações do sistema penitenciário. Os servidores e a população ganham como um todo em relação à sensação de segurança e a efetividade da segurança pública”, afirmou o secretário de Administração Penitenciária do DF, Wenderson Teles.
O foco principal do curso é na condução de cães de detecção, porém também foram demonstradas as atividades de guarda e proteção, intervenção com cães, busca, resgate e captura e outras funções caninas. Também foram ministradas disciplinas de anatomia e comportamento canino, sistemas de treinamento e outros temas necessários à implantação e manutenção da utilização dos animais em operações policiais.
“Com esses novos policiais chegando para trabalhar conosco, a intenção é que a gente atue em algumas áreas que ainda não conseguimos abranger. A gente precisa desse pessoal para conseguir avançar nesse sentido”, afirmou o chefe do Núcleo de Operações com cães da DPOE, Fred Silva.
Sob pressão
Durante o treinamento os alunos passaram por várias simulações que contemplavam desde Atendimento Pré-Hospitalar (APH) em combate para humanos e caninos até operações de detecção com cães. Os policiais também realizaram operações reais dentro dos presídios e nas rodovias junto à Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O aluno 01 do curso e operador canino da Divisão de Operações Especiais (DOE), Ricardo Santos Textor, ressalta que são disciplinas muito importantes no contexto policial, que envolvem parte do que é vivido em termos de tensão e adrenalina em situações reais com feridos.
“Essas simulações envolvem sangue falso, gritaria, bomba, sirene, o próprio ferido ali gritando e o instrutor também botando muita pressão para que você sinta na pele um pouco do que é ter que atender alguém nesse tipo de situação. É para selecionar aqueles que podem suportar esse tipo de atividade, que exige uma especialização muito bem feita e tem uma efetividade muito alta”, observa o agente da Polícia Civil do DF. “O curso me acrescentou bastante na parte técnica e operacional e hoje eu posso levar para minha área de atuação muitos dos conhecimentos que aprendi aqui”, acrescenta.
A policial penal Bruna Penna foi aluna destaque do curso, trabalhando ao lado do cão Hulk. Ela descreve a formação como desafiadora do começo ao fim, recordando o treinamento pesado com privação de sono, frio, fome e cansaço – que valeu a pena e se tornou uma realização pessoal.
“Os cães precisam da gente e a gente precisa deles para tentar diminuir essa linha do crime dentro dos presídios e na rua, principalmente na área de tráfico de drogas. Estar aqui é uma concretização de sonhos e, para mim, também é um rompimento de fronteiras e linhas de preconceito em uma corporação dominada por policiais masculinos. E estar nessa posição é uma honra”, destaca Penna.
Núcleo de Operações com Cães
Nos últimos anos, o Núcleo de Operações com Cães (NOC) vem se estruturando e ganhando destaque na Polícia Penal do Distrito Federal, devido ao elevado número de apreensões que realiza diuturnamente nas unidades prisionais.
O setor também recebe convites para atuar junto a outras forças de segurança pública, reafirmando a integração entre as forças do DF. Em 2023, o NOC realizou 59 operações, nas quais apreendeu 3.164 invólucros com substâncias proibidas, somando 10.779 kg de drogas.